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| - Não é verdade que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes tenha visitado Marcola, líder da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), na Penitenciária Federal de Brasília em 2023. Segundo a Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), Marcola não recebeu nenhuma autoridade federal desde que ingressou no Sistema Penitenciário Federal, em 2019.
As peças enganosas acumulavam 30 mil compartilhamentos no Facebook, 20 mil curtidas no Instagram e 150 mil visualizações no YouTube até a tarde desta quinta-feira (16). Os posts também circulam no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (Fale com a Fátima).
Então quer dizer que Alexandre de Moraes visitou o Marcola na cadeia?.. Interessante!
Posts nas redes enganam ao afirmar que o ministro Alexandre de Moraes visitou Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, em um presídio em Brasília em 2023. Em nota ao Aos Fatos, a Senappen afirmou que o chefe do PCC não recebeu visita de nenhuma autoridade federal desde que ingressou no Sistema Penitenciário Federal, em 2019.
“Todas as visitas realizadas seguem rigorosamente os protocolos de segurança e controle, conforme a legislação vigente e as normas internas da Polícia Federal Penal”, diz um trecho da nota.
Segundo a legislação vigente, podem visitar os detentos mantidos nesse sistema somente cônjuges ou companheiros, parentes até terceiro grau, amigos, filhos, enteados, netos, bisnetos, irmãos e sobrinhos. É preciso ter cadastro e autorização para tal.
Como suposta prova da alegação, as peças enganosas compartilham o trecho de uma entrevista concedida em 13 de outubro pela brasileira Flávia Magalhães — que alega trabalhar como governanta nos EUA — a um canal no YouTube.
Na ocasião, ela afirmou, sem apresentar provas, que três generais lhe relataram durante uma reunião na casa de uma amiga que o ministro do Supremo teria visitado o chefe do PCC assim que ele foi transferido para Brasília, em 2023.
A alegação enganosa foi compartilhada por Magalhães pela primeira vez nas redes em 15 de julho de 2023. Na época, porém, ela não mencionou que o suposto encontro teria sido relatado por generais durante evento em território americano.
Desde aquela época, Magalhães alega ser perseguida por Moraes. Ela diz ter tido uma de suas contas no X banida por ordem judicial e ter sido informada pela PF (Polícia Federal) sobre restrições em seu passaporte durante uma viagem ao Brasil em dezembro de 2023.
Ainda naquele mês, Magalhães afirmou que Moraes teria expedido um mandado de prisão contra ela após uma entrevista a um canal no YouTube. O documento não foi localizado pela reportagem em bases de dados públicas.
O único registro encontrado pelo Aos Fatos diz respeito a um mandado de prisão expedido pelo gabinete de Moraes em 8 de fevereiro de 2024 e disponível no portal do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). No documento, Magalhães é acusada de incitação ao crime e associação criminosa.
“(...) insiste no descumprimento de decisões por mim anteriormente proferidas ao continuar divulgando notícias fraudulentas nas redes sociais, bem como se utiliza de passaporte internacional para ingressar e sair do país sem se submeter às autoridades nacionais”, diz um trecho do documento expedido por Moraes.
Conforme já mostrado pelo Aos Fatos, Magalhães é conhecida nas redes por sua participação no grupo evangélico Yes Brazil USA, que já organizou eventos com Bolsonaro nos Estados Unidos. Ela também já publicou desinformações sobre fraude eleitoral e o 8 de Janeiro.
Outro lado. Procurado pelo Aos Fatos para comentar sobre as medidas tomadas contra Flávia Magalhães, o gabinete do ministro Alexandre de Moraes não respondeu até a publicação desta checagem.
Magalhães também foi procurada, mas não houve resposta. A reportagem será atualizada em caso de retorno.
O caminho da apuração
Para checar a informação, Aos Fatos entrou em contato com a Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), responsável pela administração do Sistema Penitenciário Federal, e solicitou confirmação sobre eventuais visitas de autoridades a Marcola. O órgão informou, por meio de nota oficial, que o chefe do PCC não recebeu a visita de nenhuma autoridade federal desde 2019.
A reportagem também consultou registros públicos e bases de dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para verificar documentos judiciais relacionados a Flávia Magalhães, responsável por disseminar a desinformação. Além disso, Aos Fatos buscou contato com o gabinete do ministro Alexandre de Moraes, que não respondeu até a publicação da checagem.
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