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| - Militar trans não pilotava helicóptero que se chocou com avião nos EUA
É falso que o helicóptero militar que se chocou em pleno voo com um avião da American Airlines na semana passada em Washington (EUA) era pilotado por uma mulher trans chamada Jo Ellis, como insinuam publicações enganosas nas redes sociais.
Jo Ellis é, de fato, uma militar transgênero, mas não tem qualquer envolvimento com o acidente. Nenhum dos três militares que morreram no choque era trans, conforme lista divulgada pelo Exército dos EUA.
O que diz o post
"O piloto do helicóptero Black Hawk que colidiu com um avião de passageiros em Washington pode ter sido uma pessoa transgênero, informou a mídia dos EUA. O piloto estava voando de forma irregular e ignorou a diferença de altitude, mas ainda não está claro se Joe Ellis, um homem transgênero, estava controlando o helicóptero", diz o texto de uma publicação no Facebook.
A postagem insinua que o acidente teria sido proposital: "No dia anterior ao acidente, Ellis publicou uma série de postagens nas redes sociais protestando contra a política de Trump de remover pessoas transgênero do serviço militar".
Na sequência, há quatro fotos de Jo Ellis. Em uma das imagens, ela aparece vestida com um uniforme do Exército dos EUA.
Por que é falso
Jo Ellis não fazia parte da tripulação do helicóptero. O Exército dos EUA divulgou o nome dos três militares que estavam a bordo do helicóptero Black Hawk e que morreram no acidente - nenhum deles era transgênero. Na aeronave estavam o sargento e chefe de tripulação Ryan Austin O'Hara, de 28 anos, o suboficial Andre Lloyd Eaves, de 39 anos (aqui, em inglês), e a capitã Rebecca M. Lobach, de 28 anos (aqui e aqui, em inglês). Portanto, Jo Ellis não estava naquele voo.
Militar trans negou envolvimento em acidente. Jo Ellis divulgou um vídeo em suas redes sociais (aqui e abaixo, em inglês) dois dias após a tragédia para desmentir as acusações. "Entendo que algumas pessoas me associem ao acidente em Washington D.C. e isso é falso. É um insulto às famílias tentar ligar isso a algum tipo de agenda política. Elas não merecem isso. Eu não mereço isso. E espero que todos saibam que estou viva e bem", disse.
Jo Ellis não divulgou posts contra Trump. Ao contrário do que afirmam as peças desinformativas, a militar não publicou posts críticos a Donald Trump em suas redes sociais um dia antes do acidente (aqui, em inglês).
Militar é piloto do mesmo tipo de helicóptero que se acidentou. Jo Ellis faz parte da Guarda Nacional do Exército no estado da Virgínia há pelo menos quinze anos. Ela é piloto de helicópteros do modelo Black Hawk, o mesmo que se envolveu no acidente em Washington (aqui, em inglês).
Trump culpou "políticas de diversidade" por acidente. O presidente dos EUA tentou atribuir parte do acidente às gestões dos democratas Barack Obama e Joe Biden. Sem provas, ele também relacionou o caso às políticas de diversidade e inclusão, insinuando que Obama e Biden teriam afrouxado os padrões para a contratação de controladores de tráfego aéreo. (aqui).
Presidente dos EUA assinou decreto contra militares trans. No pacote de decretos que assinou logo após voltar à Casa Branca, Trump proibiu a "ideologia transgênero" nas Forças Armadas do país e avançou para a expulsão de militares trans da corporação. "A adoção de uma identidade de gênero inconsistente com o sexo de um indivíduo entra em conflito com o comprometimento de um soldado com um estilo de vida honrado, verdadeiro e disciplinado, inclusive em sua vida pessoal", diz um trecho do texto presidencial (aqui).
Acidente causou 67 mortes; não houve sobreviventes. Um avião comercial da American Airlines, com 60 passageiros e quatro tripulantes, colidiu com um helicóptero Black Hawk do Exército dos EUA, com três militares a bordo, quando se preparava para pousar no Aeroporto Nacional Ronald Reagan em Washington no último dia 29. As duas aeronaves caíram no rio Potomac (aqui). Este é o acidente aéreo mais fatal do país desde 2001 (aqui). Até o momento, a causa do acidente é desconhecida e as investigações prosseguem. Um relatório preliminar deve sair no começo de março (aqui).
Este conteúdo também foi checado por Aos Fatos, G1 e Reuters.
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