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| - Numa publicação endereçada a Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), divulgada a 1 de setembro no Facebook, indica-se que “mais de 2.000 pessoas já assinaram a petição a reprovar o que foi feito no Museu do Romântico” e que “a destruição de património histórico da cidade” é ainda mais grave do que o facto de Moreira “ter gasto 500 mil euros em 2018 a restaurar um museu para agora ter ido tudo para o ‘lixo'”.
O autor da publicação acrescenta ainda, dirigindo-se diretamente ao atual presidente e candidato à autarquia do Porto: “O pelouro da cultura é seu e o que se passou com o Museu do Romântico foi uma decisão sua. (…) Assim sendo, é sua obrigação sair da toca e dar uma satisfação à cidade que pagou mais uma patetice sua”.
Na origem da polémica esteve uma publicação da própria Câmara do Porto na página de Facebook da Feira do Livro do Porto, no dia 28 de agosto: “Se conhecia o anterior Museu Romântico da Macieirinha, prometemos que este novo espaço nada tem a ver com o local que outrora visitou. O espaço despiu-se dos adereços de casa burguesa oitocentista e vestiu-se de contemporaneidade. Não acredita? Visite a exposição ‘Quando a Terra Voltar a Brilhar Verde para Ti’, veja as relações criadas no seu interior e comprove isso mesmo, de terça a domingo, com acesso livre”. Nas redes sociais foram vários os comentários deixados à gestão do executivo de Rui Moreira, criticando a “falta de respeito pela cidade do Porto e pela sua história”.
Mas será verdade que Rui Moreira investiu 500 mil euros em 2018 no edifício que agora está a reconfigurar?
Sim. O tema foi aliás mencionado pela vereadora do PS, Odete Patrício, na reunião do executivo camarário desta segunda-feira. Depois de pedir desculpa pela “forma como foi comunicada a abertura desta exposição que está a decorrer na Extensão do Romantismo”, Rui Moreira confessou não se conformar: “Peço desculpa por que eu sou responsável pela câmara, pelo pelouro e acho que a comunicação foi absolutamente desastrada, provocatória“, afirmou o atual presidente da autarquia.
Odete Patrício, por sua vez, foi perentória nas considerações: “É o desperdício de um ativo importante na cidade, é o desperdício de uma verba significativa (cerca de 500 mil euros) que foi aplicada há pouco tempo para a sua requalificação (2018), é o desperdício histórico, é o desperdício patrimonial. Tudo o que está ligado a esta decisão unilateral da câmara, não discutida com ninguém, é de facto, um desperdício para a cidade.”
Ao Polígrafo, fonte oficial da CMP começa por justificar que “não se tratou de ‘esvaziar’ o Museu, mas sim de repensá-lo na sua matriz do Romantismo para que, hoje, seja um museu que dialogue e reaja ao tempo em que existe, que seja mais dinâmico, permeável a novos discursos e inquietações, como não era até aqui”. “O que até aqui tínhamos era uma casa com janelas entaipadas, visitável apenas em alguns dos seus recantos e atrás de baias, sem qualquer interação com o espaço, e que apresentava, de uma forma redutora, como viviam os nobres do século XIX”, acrescentou a mesma fonte.
“Não se tratou de ‘esvaziar’ o Museu, mas sim de repensá-lo na sua matriz do Romantismo para que, hoje, seja um museu que dialogue e reaja ao tempo em que existe, que seja mais dinâmico, permeável a novos discursos e inquietações, como não era até aqui”.
Quanto ao conteúdo no interior do Museu, a CMP garante que “nenhum espólio foi destruído e nenhuma obra desperdiçada com esta remodelação do Museu da Cidade”, dizendo que “é preciso não confundir espólio do museu e depósito”.
“Todo o espólio do museu foi recolhido para ser restaurado e classificado e para ser, novamente, apresentado na própria Extensão do Romantismo, quer noutros espaços do Museu da Cidade, nomeadamente na Casa Marta Ortigão Sampaio, Casa Guerra Junqueiro e Ateliê António Carneiro (atualmente em fase de arranque da intervenção que vai repor a traça original do espaço). Parte das peças em depósito, que nunca foram da propriedade da CMP porque estavam emprestadas, foram devolvidas aos seus proprietários”, conclui.
A CMP garante que “nenhum espólio foi destruído e nenhuma obra desperdiçada com esta remodelação do Museu da Cidade”, dizendo que “é preciso não confundir espólio do museu e depósito”.
Quanto à verba utilizada em 2018 e alocada para requalificação da casa, a CMP indica que essa “não foi utilizada na musealização, mas sim na reabilitação necessária dos telhados, janelas, quadros de luzes e água”.
De facto, consultando o portal Base verifica-se o estabelecimento de vários contratos, no início de 2017, para Requalificação do Museu Romântico. Entre eles, o de valor mais elevado está relacionado com “empreitadas de obras públicas“, envolvendo gastos totais na ordem dos 230 mil euros.
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