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| - Duas atletas beijam-se no pódio de uma competição de ciclismo, ocupando a 1.ª e 2.ª posições. É o que parece ver-se na imagem que está a ser partilhada viralmente nas rede sociais, mostrando ainda uma mulher com uma criança ao colo na 3.ª posição do pódio.
“Na Inglaterra, dois atletas trans comemoram com um beijo o primeiro e o segundo lugares numa competição feminina de ciclismo. Em terceiro lugar ficou uma mulher que levou a sua filha para o pódio”, descreve-se nas publicações, com exemplos em várias línguas, incluindo a portuguesa.
“As mulheres levaram séculos para conquistar um espaço de destaque nos desportos, para agora os homens irem lá vestidos de mulheres e tirar isso delas. Seria cómico se não fosse trágico”, critica-se.
Mas será que esta história está bem contada? A descrição da imagem corresponde à realidade dos factos?
A competição em causa denomina-se como “ThunderCrit”, um evento comunitário (e inclusivo) que é realizado na cidade de Londres. Nesta prova de ciclismo, os participantes dividem-se em duas categorias – “Thunder Category” e “Lightning Category” – que estão abertas a mulheres e homens cis, pessoas trans e pessoas não-binárias.
“Temos orgulho de ser uma equipa inclusiva e organizadora de eventos. Estamos comprometidos em criar um ambiente acolhedor e divertido de corrida para todos, independentemente de etnia, sexualidade ou género”, destaca-se na página oficial da “ThunderCrit“.
“Reconhecemos que conforme a sociedade evolui, o ciclismo também deve evoluir e, por isso, em 2021 mudámos o nosso formato. A identidade de género nunca deve ser discriminada e o nosso objetivo é criar um ambiente de corrida inclusivo para todos e acolher todas as expressões de género nas nossas corridas. Percebemos que as categorias binárias de corrida já não são adequadas. Não deveria caber aos ciclistas que não se identificam com as categorias tradicionais enfrentar a pressão para se encaixarem numa delas, ou serem excluídos, ou enfrentarem questões intrusivas, ou que fosse criada uma terceira categoria. É tempo de as próprias categorias mudarem e tornarem-se mais inclusivas”, explicam os organizadores da competição.
Ou seja, as duas categorias da prova são inclusivas. A “Thunder Category” é direcionada a homens cis, pessoas não-binárias cuja performance se alinhe mais com homens cis ou pessoas trans cuja performance se alinhe mais com homens cis. Por sua vez, a “Lightning Category” é direcionada a mulheres cis, pessoas não-binárias cuja performance se alinhe mais com mulheres cis ou pessoas trans cuja performance se alinhe mais com mulhers cis.
Relativamente à imagem difundida nas redes sociais, o Polígrafo encontrou-a numa reportagem do jornal britânico “Daily Mail”, publicada no dia 4 de junho de 2022. “Ciclistas trans que costumavam competir como homens ficaram em primeiro e segundo lugares numa nova corrida não-binária, deixando uma jovem mãe em terceiro”, salienta-se no título do artigo.
As três vencedoras foram Emily Bridges e Lilly Chant, mulheres trans que ficaram, respetivamente, na primeira e segunda posições; e Jo Smith, mulher cis que ficou na terceira posição do pódio.
Na página da “ThunderCrit” no Instagram foi partilhada uma outra imagem das vencedoras. “Nada além de respeito um pelo outro”, sublinha-se.
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Avaliação do Polígrafo:
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