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| - Não é verdade que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) vai descartar 195 mil urnas eletrônicas para esconder supostas provas de fraude nas eleições. O processo, que ocorre ao menos desde 2010, serve para substituir urnas que atingiram sua vida útil, que dura em média dez anos. Não há qualquer registro de fraude desde a implementação do sistema eletrônico.
As publicações enganosas acumulavam cerca de 8.000 curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook e no X (ex-Twitter). Os posts também circulam no WhatsApp, plataforma em que não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).
Descarte ecológico é meu 🥚 eles vão destruir as provas de fraudes na eleição.
Publicações nas redes mentem ao afirmar que o descarte de cerca de 195 mil urnas eletrônicas do modelo UE 2009, anunciado pela Justiça Eleitoral na última sexta-feira (21), ocorreu para destruir supostas provas de fraude nas eleições de 2022.
As urnas eletrônicas são usadas, em média, por dez anos ou cerca de seis eleições. O recolhimento aconteceu porque os aparelhos do modelo em questão atingiram sua vida útil e, por isso, foram descartados de modo ecologicamente correto.
O processo não é inédito e ocorre ao menos desde 2010. Em setembro de 2021, por exemplo, quando Jair Bolsonaro (PL) ainda era presidente, o tribunal finalizou um leilão de descarte de 83 mil urnas usadas entre 2006 e 2008.
De acordo com o órgão, entre 2009 e 2018 foi realizado o descarte de mais de 6.123 toneladas de equipamentos, o que representou cerca de R$ 2 milhões devolvidos ao orçamento público.
Denominados pelo TSE como “inservíveis”, os aparelhos fora do prazo de validade são descartados por empresas terceirizadas contratadas via licitação, que seguem as seguintes etapas:
Coleta das urnas junto aos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais), responsáveis pelo armazenamento dos aparelhos;
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Desmonte e separação dos materiais por tipo: metal, plástico, placas leves (que têm maior probabilidade de conter metais nobres), placas pesadas (com menor valor de mercado), borracha e outros;
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Descaracterização das partes exclusivas da urna, que são moídas ou trituradas;
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Encaminhamento para reciclagem ou aterro sanitário credenciado.
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Todo este processo é acompanhado e auditado no local por servidores do tribunal, desde o recebimento dos aparelhos até o processo de descaracterização dos equipamentos.
O descarte ambientalmente correto das urnas realizado neste ano é um dos itens do PLS (Plano de Logística Sustentável) aprovado pela Portaria TSE nº 98/2023. A meta é desfazer-se de 100% dos resíduos gerados pelos aparelhos, mas no mínimo 95% do material coletado deve ser encaminhado para reciclagem.
A tese de fraude nas urnas eletrônicas foi uma das estratégias mais usadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados para insuflar uma tentativa de golpe de Estado, segundo apontam investigações da PF.
Aos Fatos já identificou e desmentiu uma série de conteúdos desinformativos sobre o sistema eleitoral brasileiro. Desde a implementação das urnas eletrônicas, não houve qualquer evidência de que elas tenham sido fraudadas.
O caminho da apuração
Aos Fatos buscou informações junto ao TSE sobre o motivo do descarte das urnas eletrônicas. Também consultamos matérias publicadas em anos anteriores sobre o sistema eleitoral brasileiro para contextualizar a checagem.
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