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| - O planeamento e organização da resposta à terceira vaga da Covid-19 em Portugal, entre o final de dezembro de 2020 e o mês de janeiro de 2021, foi um dos assuntos abordados durante a entrevista à diretora-geral da Saúde na “Grande Entrevista” da RTP. Questionada pelo jornalista sobre se não se deveriam ter colocado “todas as armas em cima da mesa” face ao possível aumento de casos no mês de janeiro, Graça Freitas respondeu que “não havia previsão de que a dimensão fosse esta”.
“Nessa altura, eu creio, não havia a noção de que o crescimento fosse desta dimensão. Nós já vínhamos de duas ondas, tínhamos tido uma primeira onda, que agora se percebe que foi relativamente benigna, que nos assustou muito porque foi a primeira. Depois tivemos um período de relativa acalmia, que correspondeu aos meses do verão. Depois tivemos uma segunda onda de dimensão menor. E, portanto, com base até neste histórico o que esperaríamos era uma onda um bocadinho maior do que a segunda, mas não com esta dimensão”, garantiu.
Confirma-se que não se tinha previsto uma terceira vaga de pandemia de tão grande dimensão?
Questionado pelo Polígrafo, Manuel Carmo Gomes, epidemiologista que participou nas reuniões entre especialistas e decisores políticos no Infarmed até 9 de fevereiro, refere que tinha sido previsto “um aumento do número de contactos e de contágios no âmbito do Natal”, porém assegura que não se acreditava “ser tão rápido e tão alto“. “Basta pensar que chegámos a ter 14 mil casos por dia, sendo que na altura do Natal estávamos em cerca de 3500. Creio se alguém dissesse nessa altura que iríamos chegar aos 14 mil ninguém acreditava”, afirma.
Entre os dias 23 e 26 de dezembro, o Governo aliviou as medidas de contenção da pandemia, de forma a possibilitar a celebração do Natal. Foi possível circular livremente pelo país, assim como participar em jantares familiares sem que houvesse um limite de participantes ou do número de agregados familiares que se podiam encontrar. Também o recolher obrigatório foi dilatado, sendo permitido circular até às as 02h00m do dia de Natal.
Questionado pelo Polígrafo, Manuel Carmo Gomes, epidemiologista que participou nas reuniões entre especialistas e decisores políticos no Infarmed até 9 de fevereiro, refere que tinha sido previsto “um aumento do número de contactos e de contágios no âmbito do Natal”, porém assegura que não se acreditava “ser tão rápido e tão alto“.
Na passagem de ano, pelo contrário, foi proibida a circulação entre concelhos e o recolher obrigatório foi imposto a partir das 23h00, de forma a evitar ajuntamentos nas ruas. Há especialistas que consideram que a subida da curva pode estar relacionada com a decisão do Governo, mas também há quem indique outros fatores para justificar o aumento verificado.
O mês de janeiro foi o pior de toda a pandemia. Registaram-se, ao todo, 306.838 infeções, que representam 42,6% de todos os casos de Covid-19 até essa data. Em relação aos óbitos, contabilizaram-se 5.576, mais 3.175 que as registadas no mês de dezembro.
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Avaliação do Polígrafo:
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