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| - “Liberalização da saúde é isto: Portugal tem um médico dentista por cada 846 habitantes, mas quase ninguém consegue aceder. Somos dos países com mais dentistas e com piores indicadores de saúde oral. Porquê? Porque tudo está entregue ao mercado e o SNS [Serviço Nacional de Saúde] não tem resposta nesta área”. As palavras são de Moisés Ferreira, o ex-deputado e atual dirigente do Bloco de Esquerda, e foram escritas esta quarta-feira, 12 de outubro, na sua conta pessoal de Twitter.
Sem fonte para os dados apresentados, será que a razão está do lado do bloquista?
De acordo com “Os Números” mais recentes da Ordem dos Médicos Dentistas, em 2021 “os locais com menos médicos dentistas com inscrição ativa por habitante mantêm-se o Baixo Alentejo e o Alentejo Litoral, com um rácio população/médico dentista superior a 2000”.
Por outro lado, e em consonância com o que apontou Moisés Ferreira, “18 das 25 regiões apresentam um rácio acima da média nacional de 846 pessoas residentes por médico dentista“. Estes dados, especifica o documento, foram recolhidos com base no registo da indicação do “principal endereço profissional” na plataforma da Ordem dos Médicos Dentistas e nos resultados provisórios dos Censos 2021.
O Polígrafo cruzou estes números com os que se encontram disponíveis no portal da Organização Mundial de Saúde (OMS): para o ano de 2018, Portugal já tinha pelo menos um médico dentista por 942 habitantes, um rácio bastante acima do da maior parte dos países analisados pela OMS.
Quanto aos indicadores de saúde oral, a verdade é que, segundo o Eurostat, em 2021 havia ainda uma percentagem significativa da população da União Europeia que tinha uma necessidade não atendida de exame ou tratamento dentário. Ultrapassado apenas pela Grécia e pela Letónia, Portugal era, nesse mesmo ano, um dos países onde uma maior percentagem da população (com 16 anos ou mais) não frequentava o dentista por razões económicas, de deslocação ou por causa das listas de espera (7,5%).
Números mais antigos (e não atualizados), mostram que o Chipre, a Suécia e Portugal são os países da União Europeia onde a população agenda menos consultas no dentista. Em 2012, último ano com dados disponíveis, cada habitante português tinha 0,05 consultas por ano com um dentista.
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Avaliação do Polígrafo:
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