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| - Na última semana de campanha, uma reportagem da revista Sábado que divulgava um vídeo em que a presidente da Junta de Freguesia de Arroios, Margarida Martins, usava os meios daquele órgão autárquico para fazer as suas compras pessoais e algumas informações relativas àquela candidata socialista geraram grande polémica e despertaram a atenção para o resultado eleitoral naquela freguesia lisboeta.
Na madrugada de segunda-feira, 27 de setembro, ficou a saber-se que a coligação “Mais Lisboa”, liderada por Fernando Medina, perdera as eleições para a coligação “Novos Tempos”, encabeçada por Carlos Moedas. E que a derrota tinha assentado na inversão das preferências dos eleitores de sete freguesias: Alvalade, Areeiro, Arroios, Avenidas Novas, Lumiar, Parque das Nações e São Domingos de Benfica.
Os socialistas (com o Livre) deixaram de ser a força política mais votada para a Câmara Municipal nas sete freguesias já referidas e em cinco Assembleia de Freguesia (sufrágio que determina quem é o presidente da junta), isto porque no Areeiro e Avenidas Novas já não tinham vencido nas autárquicas de 2017.
Analisando o fluxo de votos entre as duas autárquicas (2017 e 2021), verifica-se que foi Arroios foi, logo a seguir ao Lumiar, a freguesia em que o PS perdeu mais votos na capital do país.
O território liderado por Margarida Martins, apesar de ter sido apenas o quarto com maior número de votantes (entre os sete com mudança de cor política), foi um dos que registou o maior número absoluto de perda de votos das listas socialistas para Câmara Municipal e Assembleia de Freguesia: Medina deixou de ter 1.839 votos e Margarida Martins 2.459 votos. Em termos relativos, na conversão em pontos percentuais, a queda é ainda mais evidente: 11,17 para a Câmara e 16,15 para a Junta. Quer isto dizer que quase um terço dos eleitores que deixaram de votar em Margarida Martins optaram, ainda assim, por manter a escolha em Fernando Medina, numa clara reprovação da gestão autárquica da antiga presidente da Associação Abraço.
Apenas na freguesia do Lumiar – onde o médico Ricardo Mexia concorria com o deputado Pedro Delgado Alves – a ordem de grandeza do desbaste eleitoral socialista é comparável ao de Arroios: Medina perdeu 1.977 votos (11.07 pontos percentuais) e Pedro Delgado Alves 2.438 votos (13.29 pontos percentuais).
Perdas do PS nas Assembleias de Freguesia onde deixou de ser a força política mais votada (candidatos às juntas)
|Freguesia
|Votos
|Pontos percentuais
|Alvalade
|1.116
|7,57
|Arroios
|2.459
|16,15
|Lumiar
|2.438
|13,29
|Parque das Nações
|210
|4
|São Domingos de Benfica
|1.050
|6,43
Perdas do PS nas freguesias onde deixou de ser a força política mais votada para a Câmara Municipal (Fernando Medina)
|Freguesia
|Votos
|Pontos percentuais
|Alvalade
|1.343
|8,97
|Areeiro
|946
|8,82
|Arroios
|1.839
|11,17
|Avenidas Novas
|1.031
|8,43
|Lumiar
|1.977
|11,07
|Parque das Nações
|647
|8,68
|São Domingos de Benfica
|1.272
|7,74
Tanto nestas duas freguesias como nas cinco restantes que determinaram a derrota de Medina e dos candidatos às respetivas juntas, a coligação PS/Livre passou a ser a segunda força política, ultrapassada por pela união entre PSD/CDS/MPT/PPM/Aliança.
Em suma, é verdadeiro que a freguesia presidida por Margarida Martins – Arroios – foi uma daquelas em que o PS perdeu mais votos nas últimas autárquicas em Lisboa, quer para a Câmara Municipal, quer para a Assembleia de Freguesia, com a erosão a ser ainda maior para Margarida Martins do que para Fernando Medina.
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Avaliação do Polígrafo:
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