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  • “A 10 de outubro celebra-se o Dia Mundial da Saúde Mental, um tema no qual Portugal compara mal no contexto internacional”, salienta-se no post do “Instituto + Liberdade”, divulgado na segunda-feira. “Portugal é o segundo país da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico] com maior consumo de antidepressivos. Números da OCDE revelam que Portugal apresenta um consumo de 14 doses diárias por cada 100 habitantes“. “A ‘dose diária’ representa a média indicada por dia para um medicamento usado por adultos para a sua principal indicação terapêutica”, detalha-se na mesma publicação, alertando para o facto de Portugal ser também “um dos países da OCDE onde o consumo de antidepressivos mais cresceu desde 2015, apenas superado pelo Chile, Letónia e Estónia. Trata-se de um crescimento de cerca de 47%“. Letónia, Coreia do Sul e Hungria apresentam o menor consumo de antidepressivos desta lista de países, com doses inferiores a três por dia: “Estes números estão em linha com os dados de 2019, apresentados pelo Eurostat, relativamente à percentagem da população a sofrer de depressão crónica. Também nesse indicador Portugal é segundo, atrás da Islândia, com mais de 12% da população a sofrer de depressão crónica. São cerca de 1 milhão e 250 mil portugueses a viver com esta condição.” Estes dados foram verificados pelo Polígrafo e correspondem, de facto, às estatísticas da OCDE. Mas o que causa então tamanha escala de consumo de antidepressivos em Portugal? É um bom ou mau indicador de saúde pública? O Polígrafo falou com dois especialistas, em busca de respostas. Falta de recursos humanos na saúde mental O psiquiatra Gustavo França começa por explicar que, nas décadas seguintes à viragem do século, “as prescrições de antidepressivos viriam a aumentar em todo o mundo ocidental, sendo que outros antidepressivos, que não o Prozac [o mais utilizado até então], foram entretanto desenvolvidos”. No entanto, “a questão não se deverá colocar em termos dicotómicos, já que na maioria das situações as abordagens farmacológicas e psicoterapêuticas são complementares“. Dessa forma, “convém frisar que a utilização de antidepressivos em psiquiatria é muito ampla, sendo tratamentos comprovadamente eficazes nas perturbações de ansiedade, perturbações depressivas, perturbações obsessivo-compulsivas, entre outros”. Isto porque, sublinha França, estes fármacos “são eficazes quer no alívio da sintomatologia, quer na recuperação da funcionalidade da pessoa”. Assim, perante os dados sobre o elevado consumo de antidepressivos em Portugal, em comparação com outros países europeus, o médico psiquiatra indica ao Polígrafo que “os estudos epidemiológicos de saúde mental em Portugal têm revelado que somos um dos países europeus com maior prevalência de perturbações mentais, incluindo as perturbações de ansiedade e perturbações depressivas (sendo que fatores de natureza social, como a pobreza e outras situações sociais desfavoráveis podem ser um fator contributivo importante para este diferencial).” Além disso, “em algumas regiões de Portugal existe um acesso insuficiente a cuidados de saúde mental, seja ao nível dos cuidados de saúde primários, seja ao nível dos cuidados de saúde especializados (psiquiatria), o que pode protelar a intervenção e esta vir a ser realizada numa altura em que o quadro apresenta maior gravidade clínica“. “Em comparação com outros países europeus”, prossegue França, “temos rácios muito inferiores do que aquilo que seria desejável em termos de recursos humanos na saúde mental: psicólogos, terapeutas ocupacionais e enfermeiros de saúde mental”. Por esse motivo, “as intervenções psicológicas e psicossociais constituem uma primeira linha de intervenção nos quadros depressivos e ansiosos ligeiros. E uma abordagem complementar (e não alternativa) nos quadros de perturbações depressivas e ansiosas graves”. “Parece-me que a eventual sobreprescrição de antidepressivos poderá ser um reflexo direto da insuficiência (ou até em alguns casos ausência) de respostas em termos de psicologia, psicoterapia e terapias socio-ocupacionais. Sem esses recursos, a resposta médica, seja nos cuidados de saúde primários, seja nos cuidados de saúde especializados, continua a ser relevante e justificável, mas fica extremamente empobrecida“, conclui. Entre as listas de espera e o “mal menor” Na perspetiva do bastonário da Ordem dos Psicólogos, Francisco Miranda Rodrigues, “como em todos os problemas complexos, também aqui as respostas não são lineares“. Os dados podem, por um lado, revelar que “mais pessoas passaram a ter acesso e a consumir um psicofármaco que necessitavam de consumir porque, num determinado momento, com maior consciência da necessidade que tinham de um apoio, recorreram a um profissional de saúde”. Esse é um aspeto “positivo”, considera, em declarações ao Polígrafo. Contudo, Miranda Rodrigues também adverte que esta hipótese não deve servir para “descontextualizar os restantes dados que têm que ser considerados quando o consumo de psicofármacos existe”, sendo “impossível não olhar para outras variáveis“: “Nós sabemos que o acesso aos profissionais da área da saúde mental, sejam eles psicólogos ou psiquiatras, continua a ser muitíssimo difícil – pelo menos para 50% da população, que é quem não tem dinheiro para ir ao privado. Além disso, muitas vezes a medicação está a ser receitada porque não existe possibilidade de aceder a outro tipo de intervenções. E, por vezes, os médicos de família vêem-se num dilema perante alguém que precisa de apoio, que está em sofrimento psicológico, e que não tem possibilidade de aceder a uma intervenção por parte do psicólogo.” “Muitas vezes não seria o recomendado receitar o psicofármaco. É o mal menor, porque não há intervenção psicológica disponível”, reconhece o bastonário, indicando que a “orientação de boa prática” seria o médico de família referenciar um psicólogo na sequência do tratamento, uma prática ainda assim mais demorada para o paciente. “Acontece que, também em muitíssimas das vezes, não há capacidade de resposta do psicólogo. Às vezes a lista de espera é tão grande que o próprio médico de família tem que se questionar se envia para o psicólogo ou se vai medicar, sabendo que provavelmente a pessoa não vai ficar melhor, mas reduz-se a sintomatologia“, explica. Além disso, Miranda Rodrigues nota ainda que, em várias situações, há casos de inexistência de doença mas presença de sofrimento. Ou seja, em que há necessidade de apoio, mas não obrigatoriamente apoio farmacológico. “Nesses casos, provavelmente, não seria necessária a receita, mas sim uma intervenção. Estas pessoas não estão necessariamente doentes.” ___________________________ Avaliação do Polígrafo:
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