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| - É com base em dez supostas leis nipónicas que uma publicação, redigida em espanhol, se tornou viral nas redes sociais. No post é afirmado que o Japão “põe restrições” à religião islâmica e “a todos os muçulmanos”. No entanto, praticamente todas as informações difundidas são falsas.
A publicação começa por afirmar que “o Japão não atribui cidadania a muçulmanos”, nem “residência permanente” e não permite que os muçulmanos “possam adquirir uma casa no Japão”. Segundo a Lei da Nacionalidade e a Lei da Residência de Estrangeiros no Japão, não existe nenhuma proibição de cidadãos muçulmanos em nenhum dos casos. Qualquer pessoa que resida há mais de cinco anos consecutivos no Japão, seja maior de idade (tanto segundo a lei nipónica como segundo a lei do país de origem), tenha uma “boa conduta” e não tenha participado num “grupo ou partido” que se apresente contra “a destituição da Constituição do Japão” pode adquirir nacionalidade japonesa, cita a plataforma de fact-checking espanhola “Newtral”.
Mas não é apenas a questão da atribuição de nacionalidade que é esgrimida na publicação. Também o ato de professar a religião islâmica, de adquirir o alcorão em árabe ou de ensinar a língua nas universidades são apresentados como proibidos. Outra falsidade. A religião islâmica não é proibida e até existem plataformas online e Organizações Não-Governamentais que se dedicam a informar os cidadãos sobre as localizações das mesquitas e os eventos religiosos que se realizam.
No que toca ao ensino de árabe, a Embaixada do Japão em Madrid, citada pela Newtral, garante que existem departamentos da língua nas universidades de Tokio, Keio, Osaca e Kyoto Sangyo. Quanto à aquisição do alcorão em árabe, qualquer cidadão japonês pode comprar o livro sagrado, uma vez que este está disponível na plataforma Amazon Japão.
A única informação verdadeira nesta publicação é o facto de os cidadãos muçulmanos terem de “seguir a lei” japonesa. No entanto trata-se de um requisito para todos os habitantes do Japão, e não só para os muçulmanos. No entanto, essa afirmação vem agregada à obrigatoriedade de falar japonês, o que é, novamente, falso. Sobre a acusação de que “o governo japonês acredita que os muçulmanos são fundamentalistas”, a plataforma Newtral recorda as declarações do primeiro-ministro nipónico Shinzo Abe, em 2014, quando afirmou que “é a harmonia e o amor pelos outros” que junta a religião islâmica e “o espírito japonês”.
Avaliação do Polígrafo:
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