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| - “Segundo o MHRA, 419 pessoas ficaram cegas depois de vacinadas no Reino Unido!”, destaca-se numa publicação no Facebook, datada de 12 de setembro. No post não é feita qualquer indicação à fonte da informação ou disponibilizado qualquer link.
A MHRA é a sigla, em língua inglesa, da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde do Reino Unido. Esta entidade é responsável por regulamentar todos os medicamentos e dispositivos médicos no território britânico, garantindo que funcionam e estão nas melhores condições.
Através de uma pesquisa pelas palavras, em inglês – “blind”, “vaccines”, “MHRA” e “419”, é possível encontrar a potencial fonte de informação deste post. Trata-se de um artigo do “The Daily Skeptic”, um site que se apresenta como um “espaço que inclui artigos céticos de jornalistas e académicos insatisfeitos sobre uma série de políticas públicas que são supostamente baseadas em ciência, dados ou evidências, onde ‘a Ciência’ está a ser invocada como fonte de autoridade inatacável, mas que muitas vezes parece estar enraizada numa agenda política secreta”.
Vários artigos deste site já foram identificados como contendo informação falsa. Em setembro, por exemplo, o jornal de fact-checking britânico “Full Fact” classificou como falso um texto no qual se defendia que as vacinas contra a Covid-19 aumentam o risco de contrair a doença.
No artigo localizado pelo Polígrafo, é feito um alegado resumo dos efeitos adversos à vacina contra a Covid-19 no Reino Unido, alegadamente baseado na informação do Yellow Card – um sistema para recolher e monitorizar informações sobre questões de segurança, como suspeitas de efeitos secundários ou incidentes adversos que envolvam medicamentos e dispositivos médicos.
Entre os vários efeitos relatados, destaca-se a indicação de que foram registados 419 casos de cegueira. No entanto, ao contrário do que se refere na publicação, estes efeitos adversos não podem ser identificados como consequências diretas das vacinas contra a Covid-19.
Tal como se alerta na página da plataforma Yellow Card, “uma reação adversa suspeita não significa necessariamente que foi causada pela vacina, mas apenas que quem reportou, suspeita que foi esta a causa. Doenças prévias ou não diagnosticadas anteriormente e não relacionadas à vacinação também podem ser fatores para estas situações. O número relativo e a natureza dos relatórios não devem, portanto, ser utilizados para comparar a segurança das diferentes vacinas“.
A MHRA explica que “muitas reações adversas suspeitas registadas no Yellow Card não têm qualquer relação com a vacina ou medicamento em causa, sendo frequente a coincidência de ocorrerem ao mesmo tempo”.
Na verdade, tal como já verificado pela plataforma de fact-checking da Reuters, qualquer profissional de saúde ou cidadão inglês pode preencher este relatório. Daí o aviso deixado pela MHRA: “É portanto importante que exista uma revisão cuidadosa deste relatórios que permita distinguir possíveis efeitos secundários de situações de doença que possam ter ocorrido independentemente da vacinação.”
Em suma, a informação disseminada na publicação em análise é falsa. Os registos efetuados na plataforma Yellow Card não são reações adversas confirmadas às vacinas contra a Covid-19, mas apenas suspeitas que poderão não passar de coincidências.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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