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| - Apesar das milhares de visualizações e centenas de partilhas nas últimas horas, como se se tratasse de um alerta para os cidadãos portugueses, a publicação original é de origem francesa e também já foi desmentida por lá. Há cuidados a ter com a utilização de gel desinfetante, mas não há registo de qualquer lesão semelhante à que a publicação mostra que tenha tido origem na marca específica ‘farah’.
Em maio, o Le Monde já tinha alertado para as publicações que circulavam nas redes sociais e que através de imagens impressionantes tentavam alertar para os “perigos” da utilização de gel desinfetante. Sem qualquer prova que ligue a utilização do gel à reação que é visível na imagem, é impossível provar que se trata de uma reação alérgica ao desinfetante das mãos.
Os dermatologistas ouvidos pelo Observador notam que o diagnóstico através da imagem é difícil, apontando que se tratará de uma reação alérgica grave, que poderá acontecer, mas em casos muito específicos. Recordam ainda que todos os produtos de gel desinfetantes colocados no mercado são submetidos a testes e só depois de certificados podem ser colocados no mercado, para garantir a segurança para o utilizador.
As agências dos medicamentos, quer a norte-americana quer a congénere europeia, já identificaram algumas marcas de gel que não reuniam as condições necessárias à sua comercialização e foram retirados do mercado. Mas em nenhuma das listas divulgadas consta a marca ou designação “Farah”, conforme é visível na imagem e escrito na legenda associada à mesma pelo autor da publicação.
Na Europa, por exemplo, apenas a Dinamarca, a França e o Reino Unido sinalizaram marcas de gel desinfetante que estão desaconselhas. No caso do ‘MissLife Hand Cleanser Gel’, esse produto contém metanol numa quantidade que pode ser prejudicial; o gel ‘Hijyenik – El Temizleme Jeli’ tem um valor de etanol insuficiente, não garantindo a correta e necessária higienização das mãos, tal como o ‘ON DERMO’, o ‘Shield’, o ‘SYMEX’ e o gel da marca ‘Vecteur Energy’. Todos os alertas sobre os produtos podem ser encontrados no Sistema de Alerta Rápido da Comissão Europeia. Sempre que haja alguma dúvida em relação a um produto, a lista poderá ser consultada ou a pesquisa feita pela designação específica do produto.
Em nenhum dos sistemas de alerta e controlo de produtos internacionais o Observador encontrou alertas em específico em relação ao gel desinfetante ‘Farah’, nem provas que a imagem divulgada resulta de uma alergia à utilização de desinfetante para as mãos, podendo ter sido causada por inúmeras outras condições de saúde ou acidente.
Conclusão
Não há qualquer evidência que prove que a reação visível na fotografia partilhada resulta de uma alergia ao gel ‘Farah’ ou a qualquer outro tipo de gel desinfetante. Os especialistas ouvidos pelo Observador apontaram vários motivos para a origem de lesões semelhantes (entre elas, alergias severas). Mas, sem informação adicional sobre a pessoa e sobre o que poderá ter estado na origem da reação, não há como afirmar — tal como faz o autor da publicação — que a origem foi o contacto com um desinfetante. Em relação às agências de controlo de produtos (como a FDA, o sistema de alerta canadiano ou a EMA), não há qualquer menção ao gel ‘Farah’ como sendo perigoso ou que tenha sido registado alguma reação alérgica severa à sua utilização ou quaisquer “doenças graves na pele”.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
Errado
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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