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| - “Lembram-se da mulher que andou a colar etiquetas de preços em supermercados com mensagens anti-guerra e foi detida? É uma artista de São Petersburgo que escreveu uma longa carta da prisão“, lê-se num post de 17 de abril. A alegada carta é longa, a tradução dúbia e os motivos pelos quais a também ativista terá sido presa não são claros. Por esse motivo, o Polígrafo verifica as alegações.
“Não importa o que os meus acusadores tentem fazer comigo, não importa o quanto tentam pisar-me na lama, humilhar-me, colocar-me nas condições mais desumanas, eu retirarei o mais brilhante, o mais incrível e o mais bonito desta experiência – esta é a essência de ser artista”. Esta citação é feita pelo autor da publicação como sendo parte da carta escrita por Alexandra Skochilenko a partir da prisão.
Através de uma pesquisa em vários órgãos de comunicação, o Polígrafo verificou que o conteúdo da carta foi originalmente publicado por um canal de televisão polaco, o “Belsat TV”, através do portal de notícias “Vot-Tak.tv“, criado especialmente para os leitores russos e que foi, aliás, bloqueado pelo Kremlin.
A 16 de abril deste ano, as palavras de Alexandra Skochilenko foram divulgadas numa notícia que informa que a mesma foi escrita num centro de detenção temporária (e não na prisão, como alega o post em análise).
A artista denunciou episódios de humilhação e assédio por parte desses investigadores, garantindo que, pela sua captura, quem denunciou a situação irá “receber algum tipo de bónus miserável”, ao passo que a ativista receberá a sua “imortalidade”, bem como “uma experiência bastante única de prisão e investigação”.
Skochilenko terá escrito que os investigadores a acusaram de pertencer a uma organização extremista mas que, na realidade, se tratava apenas de um movimento feminista. Além disso, a artista denunciou episódios de humilhação e assédio por parte desses investigadores, garantindo que, pela sua captura, quem denunciou a situação irá “receber algum tipo de bónus miserável”, ao passo que a ativista receberá a sua “imortalidade”, bem como “uma experiência bastante única de prisão e investigação”.
Quanto à sua detenção, Alexandra Skochilenko foi julgada por um tribunal russo que ordenou a sua prisão. A artista de São Petersburgo pode mesmo ser condenada a 10 anos de cadeia, já que a acusação teve por base uma nova lei que proíbe “notícias falsas” sobre as forças armadas da Rússia.
Skochilenko dispôs uma série de notas anti-guerra num supermercado, junto às etiquetas que marcam os preços dos produtos. Segundo os investigadores, estes papéis continham “informações manifestamente falsas sobre as forças armadas russas”, como “a violência nunca é a solução”, e imagens de símbolos de paz e da bandeira ucraniana.
A juíza Elena Leonova do tribunal distrital de Vasileostrovsky, em São Petersburgo, afirmou que Skochilenko é “acusada de cometer um ato grave contra a segurança pública”, acrescentando que tais atos podem “criar tensões na sociedade” e levar a mais “atividades subversivas”.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Avaliação do Polígrafo:
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