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| - “O SNS [Serviço Nacional de Saúde] não tem capacidade de resposta em obstetrícia. Os socialistas rejeitam o recurso aos privados. Mortalidade materna ao nível de 1980. Morreram 17 mulheres. Quantas assassinadas pela cegueira ideológica?” Esta foi a mensagem publicada por Carlos Guimarães Pinto, líder cessante do partido Iniciativa Liberal, na sua página no Twitter.
“Destas 17 mulheres, oito morreram em hospitais públicos (sendo que uma delas em Vila Franca de Xira, uma PPP). Duas morreram fora de unidades de saúde. Sete morreram em unidades de saúde privadas. Parece que não foi a falta de recurso aos privados o responsável”, contrapôs Marco Garcia, indicando dados estatísticos que também foram invocados em várias outras respostas ao polémico tweet de Guimarães Pinto.
Confirma-se que em 2018 ocorreram mais mortes maternas em hospitais privados do que públicos?
De acordo com os dados estatísticos mais recentes, compilados na Pordata, a taxa de mortalidade materna saltou de 2,5 (por 100 mil nados-vivos) em 2000 para 19,5 (por 100 mil nados-vivos) em 2018. Ou seja, quase octuplicou entre 2000 e 2018.
Desde a década de 1980 que a taxa de mortalidade materna em Portugal não atingia níveis tão elevados. No ano passado morreram em Portugal 17 mulheres por complicações durante a gravidez, parto e puerpério, resultando num aumento da taxa de mortalidade materna de 10,4 (em 2017) para 19,5 mortes por cada 100 mil nascimentos. Ou seja, quase duplicou entre 2017 e 2018.
Segundo apurou o jornal “Público” (edição de 29 de novembro de 2019), “numa consulta ao portal do SNS aparecem registados nos hospitais públicos oito óbitos. Dois no Hospital Garcia de Orta, em Almada, dois no Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira, e depois uma morte em cada uma das seguintes unidades: hospitais de Vila Franca, Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental e Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental. Ficam a faltar, portanto, nove. Segundo os dados do INE, das 17 mulheres, 15 morreram num hospital ou clínica, o que engloba o SNS e o sistema privado de saúde. Há depois uma morte ‘no domicílio’ e uma outra ‘noutro local’, que não será hospital, clínica ou casa”.
Ou seja, do total de 17 mortes registadas em 2018, sete ocorreram em hospitais públicos, uma num hospital em regime de Parceria Publico-Privada (PPP) – Vila Franca de Xira -, sete em hospitais privados e duas “no domicílio” e “noutro local”. Englobando o hospital em regime de PPP no perímetro dos privados, confirma-se assim que ocorreram mais mortes no setor privado (oito) do que no setor público (sete).
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Avaliação do Polígrafo:
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