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| - “(…) Até o final de janeiro de 2022, só da vacina da Pfizer, a EMA registou 7.000 casos fatais na Europa”, alega-se num post, de 2 de maio, que inclui uma ligação para o site austríaco “Wochenblink”.
Desde que começaram a ser aprovadas as vacinas contra a Covid-19, muita desinformação circulou nas redes sociais sobre os fármacos. Dados disponibilizados em plataformas de registo de possíveis efeitos secundários – como a europeia EudraVigilance ou a norte-americana VAERS – são muitas vezes apresentados em publicações de Facebook e Twitter para provar que a vacinação não é segura.
Neste caso, os dados apresentados são corretos?
Na verdade, o relatório do dia 17 de fevereiro de 2022, publicado pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla inglesa), avança que a Comirnaty – nome comercial da vacina produzida pela Pfizer – registou “um total de 582.074 casos suspeitos de efeitos secundários reportados espontaneamente pelos países da União Europeia; 7.023 desses relatos tiveram um desfecho fatal”. Até à altura tinham sido administradas 570 milhões de doses da vacina na Europa.
Logo a seguir vem um aviso: “O facto de alguém ter tido um problema médico ou ter morrido depois da vacinação não quer dizer necessariamente que foi causado pela vacina. Pode ter sido causado, por exemplo, por problemas de saúde não relacionados com a vacinação”.
No mesmo relatório, a entidade reguladora afirma “encorajar” os profissionais de saúde e os indivíduos que receberam a vacina a “reportar às autoridades competentes nacionais todos os efeitos secundários que os indivíduos tenham experienciado depois de receber a vacina mesmo se não for claro se a vacina foi a causa”.
“O facto de alguém ter tido um problema médico ou ter morrido depois da vacinação não quer dizer necessariamente que foi causado pela vacina. Pode ter sido causado, por exemplo, por problemas de saúde não relacionados com a vacinação”.
Os dados citados neste relatório foram reportados à EudraVigilance, uma plataforma desenvolvida pela EMA para notificação de suspeitas de efeitos secundários de medicamentos. São também os mesmos dados que figuram no texto da decisão do Conselho Administrativo de Justiça para a Região da Sicília, referido na publicação.
Em declarações à “Agence France Presse“, uma porta-voz da assessoria de imprensa da EMA afirma que têm sido verificadas “muitas interpretações incorretas” sobre os dados relativos às suspeitas de efeitos secundários das vacinas contra a Covid-19. “Informação sobre suspeitas de efeitos secundários não devem ser interpretadas como se o fármaco ou a substância ativa fossem inseguros para serem utilizados. Somente uma avaliação detalhada e científica de todos os dados disponíveis permite que sejam elaboradas conclusões robustas a respeito dos benefícios e riscos de um fármaco”, prossegue.
A representante do regulador europeu explica ainda que, só por si, as notificações de suspeita raramente são suficientes para provar que o medicamento causou aqueles sintomas. Os efeitos relatados são posteriormente analisados pela agência, que tem também em conta a literatura médica disponível, os ensaios clínicos realizados, os estudos observacionais, entre outras informações.
“Informação sobre suspeitas de efeitos secundários não devem ser interpretadas como se o fármaco ou a substância ativa fossem inseguros para serem utilizados. Somente uma avaliação detalhada e científica de todos os dados disponíveis permite que sejam elaboradas conclusões robustas a respeito dos benefícios e riscos de um fármaco”.
“Para a maioria dos medicamentos e vacinas, a vasta maioria das suspeitas de eventos adversos não são eventualmente confirmadas como efeitos secundários de facto. Para os casos com um desfecho fatal, é difícil afirmar com certeza a real causa da morte mesmo se todas as informações, incluindo resultados de autópsias, estiverem disponíveis. Observe que não é papel da EMA julgar a causa da morte”, afirma ainda a porta-voz da EMA à AFP.
Não é a primeira vez que dados relativos ao registo de possíveis efeitos secundários são assumidos como sendo, de facto, causados pelas vacinas contra a Covid-19. O Polígrafo já verificou afirmações semelhantes que poderá ler aqui ou aqui.
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Avaliação do Polígrafo:
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