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| - “Portugal é o país da Europa onde os salários mais caíram. 13,5% segundo o Global Wage Report, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Ser xuxalista é ser burro todos os dias”, pode ler-se na publicação, denunciada como sendo falsa ou enganadora.
Confirma-se que, de acordo com o relatório da OIT, Portugal terá sido o país que registou a maior quebra salarial da União Europeia em 2020?
No dia 2 de dezembro foi divulgado pela OIT o Global Wage Report 2020/21, relatório que analisa as tendências dos salários globais dos últimos anos e o impacto da Covid-19 nas remunerações.
Na análise da OIT chegou-se à conclusão de que os salários em Portugal registariam nos dois primeiros semestres de 2020 uma quebra de 13,5%, a maior entre todos os países da União Europeia. Contudo, importa referir que o relatório não tem em conta as medidas de apoio aos trabalhadores.
A seguir a Portugal segue-se a Espanha (-12,7%), a Irlanda (-10%) a França (-10%), a Grécia (-9,6%), o Reino Unido (9,2%) e a Bélgica (-9,1%). Por outro lado, os países europeus que registariam um menor impacto nos salários foram os Países Baixos (-1,7%), a Suécia (-2,5%), a Croácia (-2,1%), o Luxemburgo (-2,9%) e a Dinamarca (-3,3%).
A organização estima que, em média, os salários sofreriam uma redução de 6,5% entre o primeiro e o segundo trimestre do ano. De acordo com a OIT, a quebra média do salário prende-se sobretudo com a redução das horas trabalhadas. De facto, a quebra salarial relativa a diminuição dos horários de trabalho em Portugal seria muito superior (-11,7%) à quebra salarial associada aos despedimentos (-1,8%).
No relatório destaca-se também que nem todos os trabalhadores seriam igualmente afetados pela crise. Em Portugal, por exemplo, as mulheres portuguesas veriam a sua remuneração reduzida em 16%, enquanto que no caso dos homens esse valor se fixaria nos 11,4%.
“Estimativas baseadas numa amostra de 28 países europeus permitem concluir que, sem as subvenções aos salários, as mulheres teriam perdido 8,1 por cento dos seus salários no segundo trimestre de 2020, em comparação com 5,4 por cento para os homens”, indica-se no documento.
Em suma, não se pode concluir com segurança que Portugal terá sido mesmo o país da União Europeia cujos salários mais caíram nos dois primeiros trimestres de 2020, uma vez que os valores indicados no relatório são baseados em estimativas e não têm em conta as medidas de apoio aos trabalhadores que foram implementadas.
Contudo, a publicação baseia-se no relatório da OIT, explicitamente, assim possibilitando a consulta dos dados e respetivo contexto, nomeadamente a metodologia ou forma de cálculo.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
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