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| - “Um artista sírio construiu em Aleppo esta réplica da Estátua da Liberdade com os restos da sua casa, acrescentando o lema: ‘Esta é a liberdade que nos trouxeram os EUA'”, escreve o autor de uma das milhares de partilhas que circulam na Internet com a mesma fotografia. A data da publicação é 17 de maio de 2021.
Na imagem vemos o que aparentam ser vários blocos de cimento, uns em cima dos outros, que compõem uma figura construída à imagem da célebre Estátua da Liberdade, um dos símbolos de Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Outras partilhas encontradas pelo Polígrafo identificam o artista como Tamman Azzam. Mas será a estátua verdadeira?
Não é a primeira vez que a fotografia e a história ligada à estátua circulam nas redes sociais. Tudo começou a 22 de outubro de 2016 quando um politólogo norte-americano partilhou a imagem no Facebook, onde conta atualmente com 38 mil partilhas, e no Twitter, onde soma quase 16 mil.
“Estátua da Liberdade feita com destroços de Alepo pelo artista sírio Tammam Azzam. Devastador”, escreveu em ambas as redes sociais. No entanto, logo nessa altura a informação foi desmentida.
Na realidade, a “estátua” não é mais do que uma mera montagem feita com recurso ao programa de edição de imagem Photoshop. As ruínas que a constituem não são verdadeiros blocos de cimento, mas recortes de fotografias de destroços.
O autor da obra é de facto o artista sírio Tamman Azzam que criou esta imagem como símbolo de liberdade, em 2012, para retratar o ambiente no país durante a Primavera Árabe. Esta não foi a única imagem criada pelo artista.
[twitter url=”https://twitter.com/tammamazzam/status/665427441918337025″/]
Tamman Azzam, em declarações à plataforma de verificação de factos da Agence France-Presse (AFP), confirmou que a obra “fez parte de uma série de fotomontagens que fiz no Dubai em 2012″. “A imagem está a ser usada fora do contexto que eu pretendia. A intenção era realçar a importância da liberdade, pelos sírios que perderam as vidas e as suas casas pela liberdade, e um país em busca dessa liberdade”, explicou.
O artista sírio revelou ainda à AFP que apenas colocou a imagem no Facebook mas a imagem tem sido mal interpretada há anos. Além disso, acrescentou, “tentei muitas vezes enviar mensagens diretas às contas e utilizadores que usaram a imagem com outras legendas e informações, mas nunca respondiam à minha mensagem ou sequer editavam a informação“.
Numa outra entrevista ao canal de televisão Al Arabiya, Tamman Azzam explicou também que “a Estátua da Liberdade em Nova Iorque não representa as políticas norte-americanas e apenas a usei como símbolo de liberdade. Na altura, a imagem pretendia passar uma mensagem de otimismo apesar de toda a destruição na Síria”.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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