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| - “O povo paga! TAP, neste semestre, prejuízos de um milhão [de euros] por dia. Tem rosto esta patifaria”, destaca-se num post de 15 de outubro no Facebook, enviado ao Polígrafo com pedido de verificação de factos.
A suposta “patifaria” é associada à imagem de Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação que no dia 13 de outubro, em debate na Assembleia da República sobre a anunciada reprivatização da TAP, afirmou que “foi sempre claro para nós [Governo] que, num mercado tão fortemente globalizado e competitivo, a TAP não conseguiria sobreviver, a médio prazo, sozinha. A integração da TAP num grupo criaria sinergias importantes e traria resiliência para enfrentar a volatilidade tão característica da aviação”.
“Esta pode ser mesmo a única maneira de assegurar a viabilidade de uma empresa estratégica para o país”, sublinhou o ministro.
Uma empresa que registou prejuízos de “um milhão de euros por dia” no primeiro semestre? Analisamos as contas.
De facto, no dia 23 de agosto, a TAP – Transportes Aéreos Portugueses emitiu um comunicado de divulgação de resultados – remetido à Comissão do Mercado de Valores mobiliários (CMVM) -, através do qual informou que, no segundo trimestre de 2022, “o resultado líquido melhorou 47,6 milhões de euros, em comparação com o segundo trimestre de 2021, para -80,4 milhões de euros, apesar do impacto líquido negativo das diferenças cambiais de 58,2 milhões de euros resultante da evolução desfavorável do Euro“.
Somando os prejuízos do primeiro trimestre de 2022, que ascenderam a -128,1 milhões de euros, chegamos ao valor total de -202,1 milhões de euros no primeiro semestre de 2022. E dividindo esse valor pelos 180 dias (correspondentes a seis meses) resulta em cerca de 1,1 milhões de euros de prejuízos por cada dia, valor muito próximo do indicado na publicação sob análise.
Ainda assim representa uma melhoria substancial em comparação com os prejuízos do primeiro semestre de 2021, quando a TAP registou um resultado líquido negativo de -493,1 milhões de euros.
“No primeiro semestre de 2022, as receitas atingiram 1.321,2 milhões de euros, um aumento de 245% em relação ao primeiro semestre de 2021. Juntamente com o maior nível de atividade (ASK aumentou 217%), também os custos operacionais registaram um aumento significativo de 73% para 1.316,8 milhões de euros, levando a um EBIT positivo em 4,4 milhões de euros, um aumento de 381,7 milhões de euros em relação ao primeiro semestre de 2021″, salienta-se no mesmo documento.
“O EBIT Recorrente, excluindo os itens não recorrentes de -3 milhões de euros, também foi positivo em 1,4 milhões de euros. Os juros líquidos e a evolução cambial desfavorável, particularmente no segundo trimestre, levaram a um resultado líquido em -202,1 milhões de euros, ainda assim 291,1 milhões de euros melhor do que no mesmo semestre de 2021″, acrescenta-se.
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Avaliação do Polígrafo:
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