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| - A publicação exibe uma imagem de Ricardo Baptista Leite, deputado do PSD, parecendo atribuir-lhe a informação em causa: “1,5 milhões sem médico de família! Facto, a promessa do primeiro-ministro era haver um médico de família para todos em 2017. Saúde, 1,5 milhões sem médico no fim de julho.”
De facto, no programa que o PS apresentou nas eleições legislativas de 2015 (pode consultar aqui) encontra-se a garantia de “prosseguir o objetivo de garantir que todos os portugueses têm um médico de família atribuído“. Essa mesma garantia foi depois inscrita no programa do XXI Governo Constitucional, exatamente nos mesmos termos.
Em setembro de 2016, já nas funções de primeiro-ministro, António Costa prometeu mesmo e explicitamente que todos os portugueses teriam um médico de família até ao final de 2017.
Esse foi um objetivo assumido por Costa no encerramento da rentrée política do PS, em Coimbra, num discurso em que se debruçou sobre questões sociais como a qualificação, o acesso à educação e à saúde, a inclusão e o combate às discriminações, sobretudo no que respeita a pessoas com deficiência. Com o fundador do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e também presidente honorário do PS sentado na plateia, António Arnaut (entretanto falecido), o líder socialista sustentou a tese de que o seu Governo iniciou funções com cerca de 1,2 milhões de portugueses sem médico de família, número que se reduzirá no início de 2017 para cerca de 500 mil.
“Não estamos conformados e vamos continuar a trabalhar para daqui a um ano podermos dizer que deixou de haver portugueses sem acesso a médico de família“, declarou Costa.
Contudo, a promessa não foi cumprida e, aliás, deixou de constar no programa do XXII Governo Constitucional, formado após as eleições legislativas de 2019. Mais recentemente, no programa que o PS apresentou nas eleições legislativas de 2022, assume-se que “a aposentação de um número significativo de médicos de família, uma tendência demográfica que ainda se prolongará até 2024, e o aumento de inscritos no SNS, em particular desde o início da pandemia, não permitiram ainda o cumprimento da meta de cobertura de todos os inscritos no SNS por equipa de saúde familiar”.
Ora, de acordo com os últimos dados disponíveis no portal Transparência do SNS, o número de utentes inscritos em Cuidados de Saúde Primários sem médico de família atribuído voltou a aumentar para um total de 1.498.037 no final do mês de julho, entre os quais 31.840 por opção.
É o número mais elevado de utentes sem médico de família desde o início da série de dados, em janeiro de 2016, quando se registavam apenas 776.083 no total, entre os quais 25.316 por opção. Recorde-se que Costa estreou-se no cargo de primeiro-ministro em novembro de 2015.
De resto, o número de utentes inscritos em Cuidados de Saúde Primários com médico de família atribuído também voltou a diminuir para um total de 9.032.554 no final de julho. É o registo mais baixo desde julho de 2016, a última vez em que esteve abaixo da fasquia de 9 milhões, mais exatamente com um total de 8.970.524 utentes com médico de família. Em janeiro de 2016 eram quase 9,5 milhões.
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Avaliação do Polígrafo:
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