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| - “Precisamos da Europa no mundo interdependente e globalizado. Só pela Europa podemos fazer a diferença e podemos regular até ao nível global, desde as questões, por exemplo, do digital, do mundo digital, até às questões da vacina. Não teríamos jamais a vacina. A cooperação, como o João [Ferreira] sugere, só por si não chega”, afirmou ontem Ana Gomes, em debate na SIC frente ao candidato apoiado pelo PCP.
“Há uma sinergia, há um trabalho de partilha de soberania, que não é perda de soberania, é de facto soberania reforçada, porque ela é absolutamente indispensável para a regulação ao nível global. E só pela intervenção ao nível europeu é que nós podemos fazer essa diferença ao nível global. Um caso concreto: a questão fiscal, a questão dos impostos. Nós, aliás, vamos ter agora, graças ao euro, de que o João [Ferreira] quer sair, nós temos agora o fundo de Recuperação e Resiliência para nos permitir sair desta gravíssima crise. Vamos ter mutualização da dívida que vai ter que ser paga com impostos europeus”, concluiu.
Durante o debate, João Ferreira já tinha expressado várias críticas dirigidas à atuação da União Europeia e à moeda única.
Será assim?
Há registo de várias declarações de João Ferreira sobre esta matéria durante a campanha das eleições para o Parlamento Europeu em 2019.
Na altura, enquanto cabeça-de-lista da CDU, disse ao jornal “Público” que “em 20 anos de permanência no euro, Portugal foi um dos países do mundo que menos cresceram; em lugar da prometida convergência, o que tivemos foi divergência; os salários praticamente estagnaram”.
Numa entrevista ao “Sapo 24”, a 15 de maio de 2019, João Ferreira defendeu a saída da moeda única europeia: “Não há discussão honesta que se possa fazer sobre o futuro do país, sobretudo sobre o crescimento económico, que deixe de fora a questão da moeda. É para o PCP evidente que, para crescer, o país tem de se libertar da prisão do euro“.
“A necessidade de Portugal se libertar do euro não significa um regresso ao passado, pelo contrário. Significa um salto para o futuro que o euro nega a Portugal: a possibilidade de o país, resolvendo os problemas para os quais não tem encontrado resposta mesmo nestes últimos anos, poder desenvolver-se e romper com uma situação de subordinação económica e política inaceitável“, sublinhou então o candidato comunista.
Numa outra entrevista ao “Sapo 24”, a 15 de maio de 2019, João Ferreira voltou a defender a saída da moeda única europeia: “Não há discussão honesta que se possa fazer sobre o futuro do país, sobretudo sobre o crescimento económico, que deixe de fora a questão da moeda. É para o PCP evidente que, para crescer, o país tem de se libertar da prisão do euro“.
João Ferreira também é crítico das políticas da União Europeia. Prova disso é um vídeo no site do PCP, em que o candidato comunista afirma, a propósito do Brexit:
- “A saída do Reino Unido da União Europeia concretiza a vontade expressa pelo povo britânico, através de um referendo, e representa uma derrota de todos aqueles que nos últimos anos, por meios diversos, tentaram contrariar esta decisão. Esta saída corresponde a um acontecimento histórico, de um enorme significado político. O processo de integração – que não é uma integração qualquer, não é uma integração neutra, é uma integração capitalista – (esta integração) não é irreversível, não é inevitável e não conhece apenas um sentido.”
- “Mas será seguro afirmar que, mesmo com motivações contraditórias, esta saída resulta de um desejo de ruptura, que sucede a uma profunda insatisfação. Insatisfação inseparável das consequências sociais e económicas das políticas da União Europeia. Insatisfação inseparável do sentimento de que os povos foram espoliados de instrumentos essenciais para determinar os seus destinos. Ora, a este sentimento, sobreveio a vontade de recuperar o controlo sobre decisões fundamentais que afectam esses destinos.”
- “A soberania não se perde, não se ganha. A soberania exerce-se. Esta é uma lição que podemos retirar deste processo para os tempos que aí vêm. Tempos em que alguns nos querem convencer de que não nos resta senão resignarmo-nos a que sejam outros a decidir os destinos das nossas vidas.”
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Nota editorial: Um erro na pergunta de partida deste artigo levou a uma alteração da avaliação do mesmo, que passou de falso para verdadeiro. Foi Ana Gomes que afirmou que João Ferreira queria sair do Euro e não o candidato eleitoral apoiado pelo PCP que o disse durante o debate presidencial. A essência do artigo, porém, não se alterou: a questão central (Portugal deve ou não sair do Euro) é exatamente a mesma.
Avaliação do Polígrafo:
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