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| - “Morreu o enfermeiro que lutou contra o coronavírus ao lado do primeiro-ministro britânico Boris Johnson“. Este é o título de uma publicação que está a circular no Facebook, denunciada por vários utilizadores como sendo fake news.
A partir deste título é quase incontornável relacionar “o enfermeiro que lutou contra o coronavírus ao lado do primeiro-ministro britânico Boris Johnson” com a história do enfermeiro português Luís Pitarma, reportada pelo jornal “Expresso”, entre outros jornais:
“Luís Pitarma ia entrar mais uma vez no turno da noite. É enfermeiro no Hospital St. Thomas, em Londres. Pouco antes de pegar ao serviço, o chefe ligou-lhe: o primeiro-ministro britânico, infetado com o novo coronavírus, estava a piorar e teria de ser transferido para a unidade de cuidados intensivos. E Luís, português de 29 anos, foi destacado para acompanhar Boris Johnson. Tremeu com a responsabilidade, ficou nervoso. Não sabia bem o que fazer, nem como se dirigir àquele doente.
‘Deveria chamar-lhe Boris, Mr. Johnson ou primeiro-ministro? O que o meu chefe pediu foi para agir com normalidade e tratá-lo como qualquer outra pessoa internada no hospital’, descreve Luís Pitarma numa nota difundida pelo NHS (serviço de saúde britânico) para as redações. Boris Johnson haveria depois de lhe pedir que o tratasse apenas pelo primeiro nome. E tudo ficou mais fácil – e muito menos formal – para Luís.
O enfermeiro português foi um dos dois profissionais de saúde que Johnson, no dia em que teve alta hospitalar, destacou num vídeo de agradecimento ao Serviço Nacional Saúde. ‘Não há palavras para expressar a minha gratidão’, ouve-se Johnson dizer e, em seguida, enumera os nomes de vários médicos, enfermeiros e auxiliares com que se cruzou. Por fim pede permissão para destacar dois: a Jenny, da Nova Zelândia, e o Luís, de Portugal (‘perto do Porto’, aponta o líder do Governo britânico). O obrigado público foi também entregue em privado e o chefe do Executivo falou com Luís e agradeceu-lhe”.
Ao abrir o texto da publicação em causa, porém, deparamos com outro enfermeiro. “Larni Zuniga de 54 anos estava nos cuidados intensivos do Hospital St. Thomas em Londres. Não via a família há 5 anos. Morreu o enfermeiro do SNS britânico que lutou pela vida ao lado de Boris Johnson enquanto o primeiro-ministro do Reino Unido esteve internado nos cuidados intensivos”, descreve-se.
“Larni Zuniga de 54 anos morreu depois de ter contraído coronavírus e ter passado três semanas nos cuidados intensivos. O enfermeiro, nascido nas Filipinas, foi considerado um dos casos mais graves no Hospital St. Thomas em Londres e acabou por não resistir à Covid-19″, acrescenta-se.
Esta história é verdadeira, tendo sido noticiada por vários jornais britânicos (pode conferir aqui, por exemplo). Não obstante, o título é falso ou enganador, visando o efeito de clickbait: sugere que se trata do enfermeiro português Luís Pitarma, mas ao abrir o texto deparamos com outro enfermeiro que, aliás, estava infetado com a Covid-19 e internado no mesmo hospital.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Título falso: as principais alegações dos conteúdos do corpo do artigo são verdadeiras, mas a alegação principal no título é factualmente imprecisa.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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