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| - Uma fotografia de um jovem a tropeçar enquanto é perseguido pela polícia durante uma manifestação contra a ditadura brasileira ganhou nova força nas redes sociais. Isto porque está a ser incessantemente artilhada com a indicação de que o jovem em causa é Lula da Silva, antigo presidente brasileiro. “Esta foto não tem preço… O vagabundo do Lula apanhando”, pode ler-se na legenda que acompanha a imagem datada dos “anos 60/70”.
A publicação é falsa e tem um propósito claro: difamar o agora presidiário. A falta de qualidade da imagem partilhada é uma forma de disfarçar a cara do indivíduo, impedindo a identificação do mesmo, o que torna mais fácil afirmar que se trata de Lula da Silva.
A fotografia original foi tirada pelo fotojornalista Evandro Teixeira a 21 de junho de 1968 durante uma manifestação estudantil que aconteceu na Cinelândia, no Rio de Janeiro, e que ficou conhecida como “sexta-feira sangrenta”.
A fotografia original foi tirada pelo fotojornalista Evandro Teixeira a 21 de junho de 1968 durante uma manifestação estudantil que aconteceu na Cinelândia, no Rio de Janeiro, e que ficou conhecida como “sexta-feira sangrenta”. A foto foi publicada na capa do Jornal do Brasil, no dia seguinte, e foi considerada uma das imagens mais marcantes da opressão vivida durante a ditadura militar.
“Correndo da polícia, sem tempo de preparar a câmara para nada, consegui fazer uma fotografia que virou um símbolo da luta contra a ditadura militar no Brasil”, recordou o autor da imagem.
Numa entrevista dada no âmbito de um trabalho académico desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina, em 2012, citada pelo G1, que verificou a veracidade da história, o fotojornalista explicou que quem fugia dos polícias era um jovem estudante de medicina que terá acabado por morrer depois da queda. “Quando cheguei à Cinelândia eu ainda fotografei aquele estudante de medicina caindo. Ele bateu a cabeça no meio fio, em frente ao Teatro Municipal, deu um berro horroroso e morreu ali mesmo. E os policiais [vieram] atrás de mim, mas não me pegaram não, eu corria muito mesmo, era bem magrelo. Veja que coisa: correndo da polícia, sem tempo de preparar a câmara para nada, consegui fazer uma fotografia que virou um símbolo da luta contra a ditadura militar no Brasil”, recordou.
No período a que respeita a fotografia, Lula da Silva trabalhava na Metalúrgica Villares, em São Bernardo do Campo, em São Paulo, o que significa que estava a mais de 400 quilómetros de distância.
Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam naquela rede social.
Na escala de avaliação do Facebook este conteúdo é:
Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo este conteúdo é:
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