schema:text
| - “Cabeceira da Igreja de Santa Justa-a-Velha (SEC. XI- SEC. XXI). Mais uma ‘fantástica’ intervenção patrimonial em Coimbra, na cabeceira de uma igreja que já existia pelo menos nos finais do séc. XI (antes do nosso primeiro rei). Chegados ao séc. XXI, eis que à cabeceira é atribuída a função de sanitários porque é assim que, em Coimbra, o património é considerado ‘sagrado’ nas intervenções da Câmara Municipal”, lê-se numa publicação no Facebook, datada de 14 de junho.
No mesmo post, são divulgadas várias imagens do local onde a requalificação do edifício histórico terá ocorrido. É visível a parte exterior, bem como o interior no qual terão sido instalados os sanitários.
Confirma-se que a cabeceira de uma igreja histórica em Coimbra foi recuperada para ser transformada em instalações sanitárias?
Contactada pelo Polígrafo, fonte oficial da Câmara Municipal de Coimbra (CMC) começa por classificar as várias publicações nas redes sociais que surgiram a propósito da recuperação desde edifício como um “mal-entendido”.
“Em 2017, a CMC adquiriu um prédio, situado no Terreiro da Erva, nº 36 e Rua do Moreno, nº 45. O objetivo seria requalificar o edifício, onde se julgava poderem ser identificados vestígios da cabeceira da antiga igreja românica de Santa Justa, tendo em consideração sondagens arqueológicas realizadas em 2003 e 2004″, contextualiza a autarquia que apresenta fotografias do edifício antes das obras de recuperação.
Segundo o executivo liderado por Manuel Machado, “os eventuais vestígios estavam escondidos e esquecidos, sendo o objetivo da autarquia valorizá-los, colocando-os a descoberto, através de uma intervenção cuidada acompanhada de forma permanente por um arqueólogo municipal, sempre em articulação com a Direção Regional de Cultura do Centro“.
“A operação consistiu em recuperar a estrutura mais original possível, eliminando as construções parasitárias, que conduziu à conclusão de que estamos diante do remanescente da cabeceira da antiga Igreja românica de Santa Justa [referenciada desde 1155] que, no século XVIII, dado o progressivo aumento do nível das águas do Mondego, foi desmantelada e a sua localização atual na Ladeira de Santa Justa, no final da Rua da Sofia”, explica a CMC.
“A operação consistiu em recuperar a estrutura mais original possível, eliminando as construções parasitárias, que conduziu à conclusão de que estamos diante do remanescente da cabeceira da antiga Igreja românica de Santa Justa”.
Segundo fonte da autarquia, o interesse histórico e arquitetónico do edifício fez com que se procedesse à “reabilitação rigorosa e adequada deste fragmento, permitindo a sua integração urbana e a criação de um espaço visitável e polivalente, com um centro histórico, cultural e interpretativo, de interesse para a comunidade, constituindo um foco de reanimação e vivificação urbana”.
Assim, no interior do edifício restaurado que irá acolher o novo espaço cultural que, como salienta a CMC, “não é o interior da antiga igreja de Santa Justa que está a seis metros de profundidade e da qual apenas se perceciona parte da cabeceira”, foi instalado apoio sanitário como “suporte para acolher este centro interpretativo, assim como para os acontecimentos e eventos que venham a ter lugar no Terreiro da Erva, sendo que a escassez destas infraestruturas públicas na Baixa de Coimbra é apontada como uma necessidade pela população”.
O interesse histórico e arquitetónico do edifício fez com que se procedesse à “reabilitação rigorosa e adequada deste fragmento, permitindo a sua integração urbana e a criação de um espaço visitável e polivalente, com um centro histórico, cultural e interpretativo”.
Em suma, as imagens de instalações sanitárias apresentadas na publicação em análise são verdadeiras e correspondem ao edifício requalificado, identificado como a cabeceira da Igreja de Santa Justa que remonta ao século XII. No entanto, ao contrário do que se afirma no post, e tal como esclarece a autarquia de Coimbra, o edifício não terá como principal função a de sanitários públicos, mas sim de um centro interpretativo e histórico dos vestígios encontrados.
__________________________________________
Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falta de contexto: conteúdos que podem ser enganadores sem contexto adicional.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
|