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| - “De Monchique chega-nos a denúncia de um jovem que se diz alvo de bullying pelos seus professores, por ter pedido dispensa do uso de máscara, por motivos de saúde. Os pais, estrangeiros, publicaram o seguinte texto junto da foto: ‘Orgulhoso do meu filho Otto que tem sofrido bullying pelos professores na escola. Ele tem lidado com o assunto com dignidade e força. Felizmente, nossa equipa jurídica tomará conta da situação a partir de agora”, descreve-se no texto da publicação.
Datada de 27 de outubro, a publicação surgiu na página “Jornalistas pela Verdade – Portugal”, alojada no Facebook, em cujo perfil se indica que é gerida por “profissionais da comunicação para mostrar o o ‘outro lado’ da pandemia de forma isenta e verdadeira“.
A denúncia inclui uma imagem do suposto jovem aluno, com um cartaz na mão em que se destaca a seguinte mensagem: “Os meus professores estão a dizer que eu não posso falar com os meus colegas porque tenho uma dispensa de máscara”.
Confirma-se a veracidade desta história?
Na publicação não há qualquer referência à escola onde terá acontecido o caso de bullying, embora na imagem apareça o nome da cidade de Monchique, Algarve, em letreiro fixado numa parede. O Polígrafo contactou o agrupamento de escolas de Monchique que agrega todos os estabelecimentos de ensino público do concelho. Por telefone, fonte oficial do agrupamento recusou prestar declarações, sublinhando que a direção “não faz comentários sobre publicações nas redes sociais”.
Também questionado pelo Polígrafo, o Ministério da Educação confirmou ter conhecimento de um incidente envolvendo o aluno em causa, revelando uma mensagem enviada pela direção da escola aos respetivos encarregados de educação. Nessa mensagem verifica-se uma versão diferente da história que foi difundida nas redes sociais.
A escola confirma que os encarregados de educação pediram dispensa do uso de máscara por motivos clínicos para os dois filhos, tal como estabelecido no Decreto-Lei 24-A/2020 (alínea b, n.º6). Consequentemente, o estabelecimento de ensino tomou as medidas previstas para estas situações: “Por se tratar de questões de saúde e de contenção da pandemia de Covid-19 foi reajustado e aumentado o distanciamento físico dos seus educandos dentro das respetivas salas de aula, pois sem a utilização de máscara por parte de um elemento no grupo, todos os alunos da sala ficam mais expostos a um possível contágio“.
A diretora do agrupamento, que assina a mensagem enviada aos pais, nega que os dois alunos tenham sido vítimas de bullying por parte dos professores. “Os seus educandos nunca foram proibidos de interagir com os seus pares, apenas lhes foi alertado para a necessidade de distanciamento”, ressalva.
O Polígrafo tentou contactar os encarregados de educação dos alunos em causa, sem sucesso.
Conclui-se assim que não é verdade que o aluno da escola de Monchique tenha sido vítima de bullying por parte dos professores, devido a uma “dispensa de máscara”. Tal como garante a direção da escola e confirma o Ministério da Educação, apenas foi pedido ao aluno que mantivesse uma distância física maior em relação aos colegas, por não usar máscara, de forma a precaver o maior risco de contágio.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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