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| - A Assembleia da República (AR) vai aprovar esta sexta-feira, dia 29 de abril, a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022. Uma das questões levantadas durante o debate foi a do aumento dos limites máximos do programa “Porta 65 – Jovem”, que tem como objetivo apoiar o arrendamento de habitações para residência, atribuindo uma percentagem do valor da renda como subvenção mensal.
Durante a sua intervenção, Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, referiu-se aos mais jovens e às dificuldades que enfrentam na compra e no arrendamento de habitação. “O Governo está sentado em cima de vistos gold, de benefícios fiscais a residentes não habituais, ao alojamento local desenfreado, aos fundos imobiliários especiais, enquanto milhares de pessoas eram atiradas para condições degradantes de habitação. Enquanto milhares de jovens saíam dos centros das cidades. Enquanto famílias se comprometiam com empréstimos bancários milionários para conseguirem dois quartos e uma sala com 60 m2 em qualquer centro urbano”, comparou a deputada bloquista.
“A medida agora anunciada do aumento dos limites máximos do Porta 65 é só a prova da incapacidade do Governo para controlar o preço das rendas. Basta fazer as contas. Metade dos jovens portugueses ganha 767 euros por mês“, alegou ainda. E reforçou: “Para que estes jovens que vivem em Lisboa, por exemplo, tenham acesso ao Porta 65 é preciso encontrar um milagre, uma casa que custe menos de 460 euros por mês, que mesmo assim, vai consumir 60% destes magros salários.”
A deputada tem razão quando afirma que 50% dos jovens em Portugal ganha 767 euros?
Tal como a própria Mortágua confirmou ao Polígrafo, a fonte para esta informação é o estudo “Os jovens em Portugal, hoje: Quem são, que hábitos têm, o que pensam e o que sentem”, coordenado por Laura Sagnier e Alex Morell e publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) em novembro de 2021. A deputada esclareceu ainda que, na sua declaração, se referia à percentagem de jovens que auferem 767 euros ou menos.
“Esta investigação é pioneira tanto pela amplitude da população-alvo que representa (2,2 milhões de jovens, entre os 15 e os 34 anos, residentes em Portugal) como pela diversidade das temáticas investigadas: os valores e as formas de ser, a família de origem, os amigos e a pessoa parceira, a formação, o trabalho pago, os hábitos, a pressão social que sentem, até que ponto se sentem felizes, se sofreram alguma situação de discriminação, o que pensam em relação a questões como a mobilidade, a maternidade ou a paternidade, a política, o meio ambiente, etc.”, destaca-se na apresentação da investigação.
No total dos jovens com trabalho pago inquiridos, 30% auferia entre 601 euros a 767 euros, 14% ganhava entre 414 euros e 600 euros. E, por fim, 9% dos jovens recebia menos de 431 euros no final do mês. Ou seja, é verdade que 53% dos jovens que participaram neste estudo ganhavam 767 euros ou menos.
No estudo, com uma amostra de 4.900 jovens entre os 15 e os 34 anos, indica-se que “entre os que têm menos formação não há praticamente jovens que ganhem mais de 767 euros líquidos por mês, entre os que têm mais formação, dois terços auferem mais do que esse valor”. Ou seja, apenas um terço dos jovens com formação superior recebe mais de 767 euros líquidos.
No total dos jovens com trabalho pago inquiridos, 30% auferia entre 601 euros a 767 euros e 14% ganhava entre 414 euros e 600 euros. Por fim, 9% dos jovens recebia menos de 431 euros no final do mês. Ou seja, é verdade que 53% dos jovens que participaram neste investigação ganhavam 767 euros líquidos por mês, ou menos.
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Avaliação do Polígrafo:
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