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| - “Gripe, constipação ou Covid-19? Sabe distinguir os sintomas? Informe os seus familiares”, destaca-se numa de várias publicações que nos últimos dias têm sido partilhadas nas redes sociais – sobretudo no Facebook – sobre as diferenças entre este trio de patologias, numa altura em que as duas primeiras – a gripe e a constipação – se juntam à Covid-19 como preocupações maiores em termos de saúde pública.
Este tipo de posts tem gerado reservas entre muitos utilizadores, que apresentaram várias denúncias ao Facebook sobre a potencial desinformação que as mesmas podem veicular. Em causa está o perigo de, num período em que as pessoas hesitam em deslocar-se aos serviços de saúde, este tipo de informação acabar por se constituir como um incentivo ao auto-diagnóstico.
Confrontado pelo Polígrafo com um dos quadros divulgados, Filipe Froes, pneumologista e coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos, adverte que este “tem um escasso valor orientador e não tem utilidade real no diagnóstico clínico e na abordagem terapêutica“.
O pneumologista sublinha que “entre a Covid-19 e a gripe, as queixas clínicas não têm especificidade diagnóstica” e que, portanto, “não se dispensa a realização de testes laboratoriais”.
“Este tipo de quadros são basicamente inúteis para apoiar um qualquer diagnóstico de doença e, quando mal interpretados, até podem dar origem a problemas complicados, como a convicção de que se está doente quando não é esse o caso, ou vice-versa”, adverte António Vaz Carneiro.
Por sua vez, António Vaz Carneiro, médico especialista em Medicina Interna e presidente do Conselho Científico do Instituto de Saúde Baseada na Evidência, aponta no mesmo sentido: “Não sabemos o que significa, em termos de frequência, as classificações de ‘comum’, ‘às vezes’, ‘raros’, pelo que não podemos incluir estes sinais/sintomas num quadro coerente preditivo da doença“.
O médico especialista ressalva ainda que “a fadiga e a dor de cabeça podem estar presentes na Covid-19, mas podem aparecer em outras situações que não a Covid-19” e que “este tipo de quadros são basicamente inúteis para apoiar um qualquer diagnóstico de doença e, quando mal interpretados, até podem dar origem a problemas complicados, como a convicção de que se está doente quando não é esse o caso, ou vice-versa”.
Conclui-se que por mais fidedigna que aparente ser a informação que consta deste tipo de tabelas, a sua consulta deve ser feita com fins meramente indicativos, não substituindo de maneira nenhuma um diagnóstico realizado por um profissional habilitado para o efeito.
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Nota editorial 1: este artigo foi atualizado às 12h45 de 2 de setembro, com a inserção de um parágrafo em que se explica de forma mais clara o ângulo escolhido para o tratamento da informação. Teve ainda uma segunda atualização às 15h38 de 3 de setembro, com a substituição de uma imagem: uma tabela publicada pelo jornal “Público” que veiculava informação rigorosa e que, por isso, poderia ser mal entendida no contexto deste fact-check. Em ambas as atualizações a avaliação inicial não sofreu alteração.
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Nota editorial 2: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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