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| - Difundida milhares de vezes nas redes sociais, uma publicação garante que “Portugal está em quinto lugar dos países mais corruptos em todo o mundo” A alegada “notícia” baseia-se num “estudo realizado recentemente” pela consultora Ernst & Young sobre fraude e corrupção em 38 países.
“Um estudo realizado recentemente colocou Portugal em quinto lugar, entre os 38 países analisados. Um inquérito da consultora Ernst & Young sobre fraude e corrupção em 38 países coloca Portugal na quinta posição dos mais corruptos, a seguir à Croácia, Quénia, Eslovénia e Sérvia, e depois a Índia e Ucrânia”, descreve o artigo, o qual não tem indicação de data mas tem vindo a ser partilhado como se fosse um estudo recente. Ora, o estudo em causa foi apresentado em junho de 2015. Uma quantidade alargada de leitores do Polígrafo solicitou uma verificação de factos.
Importa salientar que o estudo da Ernst & Young não contabiliza os casos de corrupção registados em Portugal e nos restantes 37 países analisados. Também não procura apurar o nível de corrupção nesses países, através de dados estatísticos.
“Dos trabalhadores portugueses inquiridos – de um universo de 3.800 entrevistados, de 38 países da Europa Ocidental e de Leste e do Médio Oriente, Índia e África – 83% concordam que as práticas de suborno/corrupção acontecem de uma forma generalizada em Portugal”, noticiou a agência Lusa, em 2015, para continuar: “Na Croácia são 92% dos entrevistados que têm essa crença, sendo o país com pior resultado, enquanto na Bélgica são 34%, na Alemanha 26% e na Finlândia 11%, sendo a Dinamarca o país com melhor desempenho no inquérito, com apenas 4% dos inquiridos nacionais a defender que as práticas de suborno e corrupção são generalizadas”.
Além da questão da data, importa salientar que o estudo da Ernst & Young não contabiliza os casos de corrupção registados em Portugal e nos restantes 37 países analisados.
“‘No último ano e meio, Portugal tem sido fustigado por casos de corrupção. Por isso, os entrevistados terão mais propensão para responder positivamente’ a questões relacionadas com corrupção e fraude, afirmou Pedro Cunha, da Ernst & Young, na apresentação dos resultados do inquérito. […] Dos inquiridos em Portugal, 61% consideram que existiu uma distorção de resultados financeiros das empresas e apenas 28% consideram a ética empresarial da sua organização como ‘muito boa’. Contudo, 25% dos inquiridos em Portugal acredita ter existido uma melhoria na ética empresarial da sua empresa nos últimos dois anos”, indica a referida notícia da Agência Lusa.
Além da questão da data, importa salientar que o estudo da Ernst & Young não contabiliza os casos de corrupção registados em Portugal e nos restantes 37 países analisados. Também não procura apurar o nível de corrupção nesses países, através de dados estatísticos. O estudo baseia-se nos testemunhos de 3.800 entrevistados, ou seja, foca-se na percepção da corrupção dos entrevistados. Pelo que concluir a partir deste estudo que Portugal é o quinto país mais corrupto do mundo (ainda que se trate apenas de um conjunto de 38 países) não é rigoroso e pode induzir em erro.
A fonte mais credível para aferir sobre o grau de corrupção que caracteriza um país é o Índice de Percepção de Corrupção, um relatório divulgado anualmente pela organização Transparência Internacional. De acordo com o mais recente, disponível aqui, em 180 países e territórios analisados, Portugal situa-se no 30º lugar, numa tabela em que a Dinamarca ocupa a primeira posição (correspondente ao país menos corrupto do mundo). No último lugar da lista está a Somália, que numa escala que vai de zero (altamente corrupto) a 100 (nada corrupto), obtém apenas 10 pontos.
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Avaliação do Polígrafo:
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