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| - Não, Marcus Santos não esteve na cantina da sede da SOS Racismo, uma associação portuguesa antirracista com presença física em Lisboa. Mas é isso que dá a entender em tweet publicado a 17 de março.
A fotografia com ar “caseiro” e a descrição a combinar colocam o membro da direção distrital do Chega/Porto no local certo à hora certa: Marcus Santos teria assim comprado um “bolo afrodescendente” por 3,80 euros na cantina da associação portuguesa. E zombava da situação. O problema é que o bolo foi vendido na padaria “Aveiro”. Localização: São Paulo, no Brasil.
Por insólita, a mudança no nome originalmente dado ao doce foi notícia em março de 2022, ou seja, há mais de um ano. Segundo o jornal brasileiro “O Globo”, numa peça de 17 de março do ano passado, a padaria Aveiro, localizada na zona sul de São Paulo, teria comunicado no dia anterior “a mudança de nome do bolo ‘nega maluca’ para ‘afrodescendente'”.
De acordo com uma publicação divulgada nas redes sociais, em agosto de 2021, “o estabelecimento recebeu um ofício do Sindicato dos Industriais de Panificação e Confeitaria de São Paulo, da Associação dos Industriais e do Instituto de Desenvolvimento de Panificação e Confeitaria. Nele, a instituição pedia para ‘se atentar aos novos comportamentos sociais'”.
“Nomes tradicionais antes vistos com simpatia não são mais aceitos e podem gerar constrangimento e acusações de crime racial, machismo, preconceito. Recomendamos a nossos associados a tomarem cuidado com nomes de produtos que podem ser mal interpretados”, explicou à data o sindicato à “Aveiro”, que recorreu então às redes sociais para se definir como um lugar “democrático” e “sem espaço para racismo”.
Assim sendo, produtos à venda naquela padaria, como “teta de nega”, “língua da sogra” e “maria mole”, passaram a chamar-se, respetivamente, “nhá benta”, “pão doce mole” e “sorvete mole”. O antigo bolo “nega maluca” também não escapou e passou a chamar-se “bolo afrodescendente”, como se vê na imagem partilhada por Marcus Santos.
Para os mais atentos, aliás, a mentira seria facilmente desmontada através da data de peso e validade marcada na embalagem: 12 e 17 de março de 2022, respetivamente. A morada, o telefone e o link para o site da “Aveiro” também denunciam a sua origem: Brasil.
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Avaliação do Polígrafo:
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