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| - “Nota-se bem nos gráficos o momento em que tomou posse um Governo de esquerda que fez da habitação prioridade e virou a página da austeridade e da troika“.
O tweet, irónico, é ilustrado por dois gráficos com a evolução dos preços da habitação (2010-2021) e das rendas (2010-2022), que tem inscrito como fonte o jornal “Público” e o Eurostat.
O Polígrafo verificou a veracidade desta citação, confirmando que os gráficos foram publicados efetivamente na edição do Público (de 6 de fevereiro deste ano) e reproduzidos tal e qual a sua versão original.
E o que nos dizem eles?
Em primeiro lugar, que há um movimento contínuo de subida dos preços das casas (sensivelmente desde 2013) e das rendas (em todo o tempo retratado, portanto, desde 2010), tanto em Portugal como na média da União Europeia.
Em segundo lugar, que esse movimento é muito mais acentuado em Portugal do que nas restantes unidades tratadas (países ou média da União Europeia).
Em Itália houve até, inclusive, uma diminuição do preço da compra/venda entre 2010 e 2015, estabilizando desde então o seu valor (com uma ligeira subida em 2021) e, em Espanha, no arrendamento, os valores apenas começaram a ter uma tendência de aumento consecutivo em 2017, tendo até lá crescido e depois diminuído em pequena escala.
Em terceiro lugar que, quer na compra quer no arrendamento, o Governo liderado por António Costa ( até 2019 com o apoio formal de BE e PCP) não conseguiu inverter esta situação de agravamento de preços na habitação. Bem pelo contrário, uma vez que as subidas foram ainda mais acentuadas nos períodos 2016-2021 (compra) e 2016-2022 (arrendamento) do que, em ambos os casos, no de 2010-2015.
Na compra/venda, esses valores subiram de números que rondavam os 100 (em percentagem, face a 2015) para quase 170, passando a distanciar-se substancialmente da realidade europeia individual e conjunta (média).
No arrendamento, evoluíram de valores que ultrapassavam residualmente os 100 (uma vez mais, em percentagem, face a 2015) para os quase 116. A assimetria relativamente a toda a Europa também ganhou forma, embora não tão pronunciada como na compra/venda.
Salvaguarde-se, ainda assim, que os períodos temporais não são simétricos: no caso do Executivo de Passos Coelho estão em análise 17 trimestres, no de António Costa estão 23 trimestres (compra/venda) e 28 trimestres (arrendamento).
Por isso, a título de exemplo e tendo ainda como fonte os dados do Eurostat, o Polígrafo fez a comparação entre o mesmo lapso temporal dos períodos de governação de PSD/CDS-PP e de PS no segmento da compra/venda. Apenas foram contados os períodos a partir do momento em que se registou um agravamento dos valores de mercado (janeiro de 2013, com referência comparativa ao trimestre anterior). A análise incidiu em trimestres, a unidade mínima do Eurostat para este efeito.
Assim, é verdadeiro que a habitação, na compra e arrendamento, teve uma maior subida no Governo da geringonça do que no do PSD/CDS-PP, divergindo inclusive bastante mais dos valores praticados na União Europeia.
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Avaliação do Polígrafo:
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