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| - É mais uma publicação a somar a esta, esta e esta. Nas várias publicações alvo de fact check, todas usam plataformas como a norte-americana VAERS, onde qualquer cidadão pode reportar efeitos secundários da vacinação, fazendo passar esses dados como validações das comunidades científicas dos respetivos países. Não é verdade. O reporte de um efeito secundário não significa que esse dado receba posterior validação científica como tendo sido causado pela administração da vacina. É simples, basta imaginar o exemplo mais extremo. Uma pessoa acaba de ser vacinada, atravessa a estrada e é atropelada, morrendo. Alguém decide reportar a uma das plataformas que essa pessoa vacinada morreu. De facto, na plataforma, é mais uma morte de alguém vacinado, mas a morte resulta da vacinação? Não.
Mas vamos à publicação em análise. A publicação resulta de uma partilha feita por um utilizador israelita, mas com dados sobre os Estados Unidos da América. A acompanhar o texto há uma imagem da página online do CDC, com o texto cortado e ficando omitido um excerto relevante para enquadrar os dados deste sistema de reporte de reações adversas.
Bastava ao utilizador que partilhou a imagem aceder à página do CDC para ler que, ainda que houvesse “5.479 casos de mortes reportados” ao VAERS, “não é claro se a vacinação foi a causa” dessas mortes. Mais uma vez, retomamos a explicação sobre o VAERS (que em Portugal tem paralelo numa ferramenta disponibilizada pelo Infarmed).
O VAERS foi criado nos Estados Unidos em 1990 para detetar eventuais problemas de segurança relacionados com vacinas aprovadas no país e qualquer pessoa pode enviar uma notificação para este sistema, mesmo não sendo o doente afetado. É necessário todo um trabalho posterior de análise dos eventos reportados nas várias plataformas até que seja claro que o efeito secundário reportado resultou da inoculação com determinada vacina. Portanto, ainda que neste momento o VAERS tenha “recebido 5.718 notificações de mortes nas pessoas que receberam uma vacina contra a Covid-19”, é necessário um estudo mais aprofundado para estabelecer essa relação.
Os reportes de efeitos secundários no VAERS depois da vacinação, incluindo as mortes, não significam necessariamente que foi a vacina a causar o problema de saúde. A revisão das informações clínicas disponíveis, incluindo declarações de óbito, autópsia e registos médicos, não permitiram estabelecer uma relação causal com as vacinas Covid-19″, pode ler-se no mesmo parágrafo do site, que foi omitido da imagem partilhada no Facebook.
Ainda assim, mesmo assumindo a remota hipótese de que a morte das mais de cinco mil pessoas se tenha devido à inoculação com as vacinas contra a Covid-19, tratar-se-ia apenas de 0,0018% do total das mais de 324 milhões de doses administradas só nos Estados Unidos da América.
Conclusão
A captura de ecrã que sustenta a publicação surge cortada, deixando de fora os esclarecimentos do CDC sobre a forma como as mortes são reportadas. É impossível afirmar que quer os efeitos secundários reportados no VAERS — ou qualquer outro sistema que funcione tendo por base informações dadas pelos utilizadores — quer, também, as mortes, são efetivamente resultado da administração de vacinas contra a Covid-19.
Só com um estudo posterior, feito pelas autoridades de saúde dos vários países, será possível analisar todos os dados reportados através desses portais. Não é, portanto, verdade que qualquer associação médica dos Estados Unidos tenha revelado 5.500 mortes por toma da vacina.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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