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| - “Eu não me considero populista. Acho que o Chega definiu uma força anti-sistema, assumiu porquê e explicou porquê. Era fácil dizer que está tudo bem, que a Constituição [da República Portuguesa] é muito boa, nós assumimos desde o início que não. Portanto, ninguém pode dizer que votou no Chega ao engano. Ao contrário de outros, com programas escondidos”, declarou André Ventura, líder do partido Chega, na entrevista de ontem à noite na CNN Portugal.
“Disse que tinha muitas reservas sobre esta Constituição, em muitos aspectos… Eu fui ao ponto de dizer, isso até podia tirar votos, quando me perguntaram: ‘Quer prisão perpétua? Quero!’ Assumi, não menti. Quero prisão perpétua. Podia estar a esconder, para depois fazer, quero. O eleitorado chocou-se com isso? Não. A Europa toda, quase toda tem prisão perpétua. Quando eu disse: ‘Os ciganos têm de cumprir regras‘. O eleitorado chocou-se com isso? Também acho que não”, prosseguiu.
Nesse momento foi interrompido pelo jornalista moderador que questionou: “Numa Europa aberta, livre, acha que um discurso desses faz sentido?”
Ao que Ventura respondeu da seguinte forma: “Eu acho que a Europa está a mudar. Basta ver que em Itália, a Liga, está neste momento com sondagens muito elevadas. E o Fratelli d’Italia, que pertence à nossa família política, também. O Vox em Espanha, que é um partido muito próximo do Chega, está com 20% nas sondagens. A um bocadinho de apanhar o PSD de lá que é o PP. Porquê? Porque os europeus acordaram. Esta história de que estava tudo bem, temos de ter um discurso porreiro, a malta compreende em casa, damos abraços uns ao outros, temos que ser todos moderados, mas por trás está tudo a gamar e a pôr dinheiro ao bolso.”
Confirma-se que “o Vox em Espanha está com 20% nas sondagens”?
Numa das mais recentes sondagens divulgadas em Espanha, a 20 janeiro de 2022, atribui-se 14,7% das intenções de voto (em eleições gerais) ao partido Vox, liderado por Santiago Abascal.
Trata-se do barómetro de janeiro do Centro de Investigaciones Sociológicos (CIS), liderado pelo Partido Socialista Obrero Español (PSOE) com 28,5%, seguindo-se o Partido Popular (PP) com 21,5%, o Vox com 14,7% e o Unidas Podemos (UP) com 13,1% das intenções de voto.
Desde as últimas eleições gerais realizadas em Espanha, no ano de 2019, o Vox nunca se aproximou sequer da fasquia de 20% nas sondagens mensais do CIS. O ponto máximo do partido de Abascal foi atingido em abril de 2021, com 15,4% das intenções de voto, enquanto o PP permaneceu quase sempre acima de 20%.
Noutra das mais recentes sondagens divulgadas em Espanha, a 26 de janeiro de 2022, atribui-se 17,1% das intenções de voto ao Vox. Trata-se do barómetro da DYM para o “20minutos”, liderado pelo PP com 26,9% (a grande distância do Vox, mais uma vez contrariando o que disse Ventura), seguindo-se o PSOE com 25,7%, o Vox com 17,1% e o UP com 11,6%.
Pelo que concluímos que a alegação em causa de Ventura não tem sustentação factual.
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Avaliação do Polígrafo:
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