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| - No final do jogo entre o Manchester City e o FC Porto, Josep Guardiola, treinador da equipa inglesa, criticou implicitamente a estratégia defensiva dos campeões portugueses: “[FC Porto muito fechado?] Pergunta ao seu treinador (…). Não tiveram um canto, um remate à baliza”.
Três dias depois, na conferência de imprensa de antevisão do jogo desta jornada da Liga Portuguesa, Sérgio Conceição reagiu a estas declarações: “Entre ganhar por 4-3 e 1-0, prefiro ganhar sempre 1-0, não é novidade. Dou sempre privilégio a uma boa organização defensiva. O City tem uma média de seis faltas por jogo, contra nós fez mais do dobro”.
O treinador portista foi mais longe e afirmou: “Eu nunca critiquei um colega meu por vir jogar com 10 jogadores atrás da linha bola, em cima da grande área. Se alguém arranjar uma declaração minha a criticar um treinador por isso… [Pago] um milhão de euros”.
O Polígrafo revisitou as declarações de Sérgio Conceição durante os mais de 150 jogos oficiais que já leva como treinador do FC Porto (quase três anos e meio). De facto, Conceição é mais explícito na censura ao que considera “anti-jogo” – pouco tempo útil de jogo por conduta propositada do adversário –, mas são também diversos os jogos em que a referência à estratégia defensiva do adversário, sem ser adjetivada, não deixa de ser crítica, através da simples constatação.
São pelo menos oito os jogos em que o treinador do FC Porto alude à forma de jogar (ou seu resultado prático) estritamente defensiva da equipa adversária:
1 de outubro de 2017
Sporting – FC Porto 0-0 (Liga)
“Primeira parte fantástica, duas ou três ocasiões claras de golo, o Sporting não chegou à nossa baliza. Só através de cantos”.
1 de dezembro de 2017
FC Porto – Benfica 0-0 (Liga)
“Entrámos no jogo de uma maneira não tão forte como pretendíamos, mas a partir dos quinze minutos só uma houve uma equipa em campo que foi a nossa”.
30 de janeiro de 2018
Moreirense – FC Porto 0-0 (Liga)
“Joga-se pouco futebol, encontrámos uma equipa que pensou em meter charutada na frente e, a partir daí, fazer pela vida”.
“Na segunda parte, não houve jogo da parte do Moreirense. Foi defender.(…) Não sei, mas o Moreirense teve um remate, dois? Quantas vezes é que os médios do Moreirense procuraram a bola para construir? Não houve Moreirense”.
30 de outubro de 2019
Marítimo – FC Porto 1-1 (Liga)
“Na primeira parte tivemos quatro ocasiões claras. O adversário chutou uma vez à baliza, que foi quando marcou”.
8 de dezembro de 2019
Belenenses – FC Porto 1-1 (Liga)
“Eles, na primeira vez que vão à nossa baliza, fazem golo. (…) No segundo tempo não me lembro de um remate do Belenenses à nossa baliza”.
19 de dezembro de 2019
FC Porto – Santa Clara 1-0 (Taça de Portugal)
“Estou a fazer um esforço, mas sinceramente não me lembro de nenhum remate enquadrado do Santa Clara. (…) Foi uma vitória justíssima depois de uma grande primeira parte do FC Porto frente a um Santa Clara inexistente ofensivamente”.
16 de junho de 2020
Aves- FC Porto 0-0 (Liga)
“O Aves se joga com esta agressividade o campeonato todo fica na I Liga. Defrontam uma equipa forte e utilizam as suas armas. O pontinho vale contra nós”.
24 de outubro de 2020
FC Porto – Gil Vicente 1-0 (Liga)
“Se os adversários se dão satisfeitos quando os nossos alas vêm com os laterais deles… Eles lá sabem.”
No balanço destas declarações de Sérgio Conceição constata-se que têm quase tudo em comum com a de Josep Guardiola: proferidas logo após o jogo em entrevista rápida, depois de resultado não desejado (seis ocasiões) e sem marcar golos (quatro vezes). Até na forma, os dois treinadores convergiram na crítica ao modo defensivo de jogar dos seus adversários: implicitamente, através de perguntas retóricas ou constatações estatísticas.
Contudo, as supracitadas críticas de Conceição não visam explícita e diretamente os treinadores adversários, colocando o enfoque nas equipas como um todo. Pelo que optamos pela classificação intermédia de “impreciso”.
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Avaliação do Polígrafo:
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