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| - “Zona do atual Parque das Nações (23 de fevereiro de 1996)”, lê-se na legenda de uma fotografia partilhada no Facebook mais de uma centena de vezes, desde 16 de maio de 2021. A publicação em causa foi denunciada como sendo falsa ou enganadora.
O autor do post não indica qual a fonte original da imagem. Será verdadeira?
O Polígrafo contactou o utilizador que efetuou a partilha nas redes sociais. Segundo este, a fonte utilizada na recolha da imagem foi o Arquivo Municipal de Lisboa. De facto, a imagem divulgada pode ser encontrada no site oficial deste arquivo com o título: “Vista aérea (Norte-Sul) da Zona de Intervenção da Expo-98”. A data indicada no registo é, tal como referido na publicação, 23 de fevereiro de 1996.
A nota bibliográfica da fotografia remete para a página 103 do relatório da Exposição Mundial de Lisboa de 1998. O documento, datado de março de 1999, contém toda a informação final relacionada com o projeto, construção e organização do evento e das respetivas instalações.
Na mesma página do relatório, em que surge a imagem em análise, é ainda descrita a estratégia dos trabalhos de construção da EXPO’98. A primeira etapa, em que seria necessário “dominar o terreno” da empreitada, decorreu entre meados de 1995 a meados de 1996.
“Ao contrário do que seria ideal num empreendimento com estas características, o tempo disponível não permitia a conclusão dos trabalhos de infraestruturação antes do início da construção dos conjuntos edificados. Assim, houve que reunir condições para o arranque da construção dos edifícios logo a seguir ao cumprimento das etapas mais elementares de infraestruturação”, lê-se no início do texto traduzido em várias línguas.
Mais à frente, destaca-se que, na primeira fase de construção, “as principais dificuldades resultaram da adversidade das condições geológicas locais, as quais, embora conhecidas à partida, foram substancialmente agravadas pela pluviosidade anormalmente intensa e persistente entre novembro de 1995 e maio de 1996″.
Assim, tal como descreve o relatório, numa fase em que os trabalhos de infraestruturação implicavam elevado manuseamento de solos, “a natureza silto-argilosa dos solos locais dificultou o progresso dos trabalhos, tendo sido necessário reforçar, de forma significativa, os meios utilizados e ainda recorrer a materiais arenosos (menos sensíveis às chuvas)”.
As duas fases seguintes da construção decorreram entre meados de 1996 e maio de 1998, data da abertura da exposição ao público. “A segunda fase de construção foi marcada pelo progresso generalizado da construção dos toscos dos edifícios, ao mesmo tempo que eram executadas as infraestruturas superficiais e os arruamentos definitivos tomavam forma”, descreve-se no capítulo seguinte.
A última fase da obra, relatada no documento, “envolveu a execução das instalações técnicas e acabamentos nos edifícios, enquanto os passeios, praças e restantes áreas pedonais eram pavimentados e completamente acabados”.
Tal como se conta no site oficial do Parque das Nações, assistiu-se naquela zona da capital, desde o século XIX, “à instalação da indústria pesada, não só devido à disponibilidade de espaço a baixo custo, como à tentativa de salvaguardar a saúde da respetiva população com o afastamento da poluição das fábricas da cidade”.
“Desta forma, o recinto expositivo foi envolvido numa enorme operação de regeneração urbana e social, compreendendo cerca de 340 hectares ao longo de cinco quilómetros de frente ribeirinha. Uma vez liberto do uso industrial e portuário, este terreno converter-se-ia na nova centralidade urbana e multifuncional de Lisboa”, indica-se no mesmo texto.
Há vários anos que se multiplicam as notícias que relacionam a zona do Parque das Nações com vários casos identificados de contaminação de solos. Os terrenos, onde chegou a funcionar uma refinaria, foram, alegadamente, reabilitados para receber a Expo’98. No entanto, os anos passaram e as queixas relacionadas com intensos odores a químicos e as denúncias de deteção de níveis irregulares de substâncias tóxicas nos solos são constantes.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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