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| - “Bem, boas notícias finalmente. Esta publicação consiste em partilhar o processo de tratamento do paciente Covid-19 nos hospitais centralizados. Fica evidenciado o uso de hidroxicloroquina que tem sido tão polémico mundialmente como sendo o fármaco ‘milagroso‘”, alega-se na mensagem da publicação em causa.
“Na minha opinião, após muita relutância da DGS decidiram aprovar a terapia do uso de hidroxicloroquina. Vamos ter certamente uma redução do número de mortos nos próximos dias! Interessante que na comunicação social esta informação ainda é um tabu”, conclui o autor da publicação.
Este conteúdo foi denunciado por vários utilizadores como sendo falso ou enganador. Confirma-se?
A tabela exibida na publicação foi retirada de um documento da Direção-Geral da Saúde (DGS) de 23 de março de 2020, intitulado como “Abordagem do Doente com Suspeita ou Infeção por SARS-CoV-2″, o qual contém diretrizes relativas à pandemia.
No âmbito da parceria entre o Polígrafo e a DGS, fonte oficial desta entidade sublinha desde logo que “não aprova nem avalia medicamentos“. Mais, indica que “o foco deve ser exatamente no texto que precede o quadro. São terapêuticas antivirais experimentais, porque ainda não têm evidência científica para esta indicação terapêutica específica (Covid-19)”.
De facto, no texto que precede o quadro pode ler-se: “Não existem atualmente medicamentos autorizados para o tratamento de Covid-19 nem estão também autorizadas quaisquer vacinas. Existem, contudo, várias moléculas apontadas como possíveis candidatos terapêuticos. À data, considerando o conhecimento científico atual e as recomendações da OMS, encontram-se em investigação, entre outras, as seguintes estratégias terapêuticas: Remdesivir, Lopinavir/Ritonavir, e Cloroquina ou Hidroxicloroquina“.
Por seu lado, a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) informa que “a hidroxicloroquina é um medicamento utilizado habitualmente nas suas indicações terapêuticas pelas instituições de saúde que dispõem de stock regular para esta utilização. No âmbito do tratamento da Covid-19, estão a ser adquiridas centralmente mais embalagens, sendo a distribuição assegurada pelo Laboratório Militar”.
Além da hidroxicloroquina, que é um fármaco utilizado para a malária, também o Lopinavir/Ritonavir – medicamentos utilizados no VIH – “estão a ser abastecidos aos hospitais para as necessidades de tratamento dos seus doentes”.
Quanto ao Remdesivir, que também consta na tabela, é um fármaco ainda em fase experimental: “De acordo com a OMS, é uma molécula promissora no tratamento de Covid-19 tendo em conta o seu largo espectro antiviral (…). Estudos com ratinhos a receber Remdesivir demonstraram uma superioridade de eficácia relativamente à combinação Lopinavir/Ritonavir + IFN beta”, sublinha-se no texto. “Há dados preliminares já publicados na Nature Communications que são favoráveis a uso de Remdesivir neste contexto. Existem ensaios clínicos com Remdesivir na China, EUA e potencial alargamento a países na Europa”, conclui-se.
Em suma, nenhum destes medicamentos tem ainda uma eficácia comprovada no tratamento da Covid-19. São terapêuticas que estão a ser utilizadas “considerando o conhecimento científico atual e as recomendações da OMS”.
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Nota editorial 1: este texto foi produzido pela redação do Polígrafo e cientificamente validado pela Direção-Geral da Saúde, no âmbito de uma parceria estabelecida entre as duas entidades a propósito de um tema que se reveste de um inquestionável interesse público.
Nota editorial 2: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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