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  • Uma foto de um treinamento de defesa contra assaltos a bancos organizado pelo Exército em 1969 circula nas redes como se mostrasse a jornalista Miriam Leitão em uma ação armada durante a ditadura (veja aqui). A mulher na imagem é uma bancária do Bradesco durante o treinamento com Carlos Lamarca, que, no momento do registro, ainda era capitão do Exército. A imagem tem sido propagada nas redes sociais desde que a TV Globo repudiou, na última sexta-feira (19), uma fala do presidente Jair Bolsonaro sobre a jornalista. Segundo ele, Miriam teria sido presa quando estava indo para a Guerrilha do Araguaia e teria mentido sobre ter sido torturada. A jornalista foi presa em 1972, em Vila Velha, mas nunca participou de luta armada. Até esta segunda-feira (22), a peça de desinformação já acumula cerca de 4.000 compartilhamentos no Facebook. Todas as postagens foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de monitoramento da rede social (veja como funciona). Vos apresento a funcionária protegida pela Globo, Miriam terrorista comunista Leitão! Vulgo Amélia. Não é a jornalista Miriam Leitão a mulher que aparece em foto com uma arma ao lado do então capitão do Exército Carlos Lamarca. A imagem, tirada em 1969, mostra Lamarca com uma bancária do Bradesco durante treinamento de defesa contra assaltos a banco. Dias depois do registro, Lamarca fugiu do 4º Regimento de Infantaria e se uniu à VPR (Vanguarda Popular Revolucionária). A peça de desinformação sobre Miram passou a circular juntamente com a hashtag “#miriamleitaoterrosta” na última sexta-feira, logo após a TV Globo repudiar os ataques do presidente Jair Bolsonaro à jornalista. No dia 19, Bolsonaro, em um café da manhã com jornalistas estrangeiros, disse que Miriam teria sido presa quando estava indo para a Guerrilha do Araguaia para tentar impor uma ditadura no Brasil e que a jornalista teria mentido sobre ter sido torturada e abusada durante a ditadura militar. A jornalista, de fato, foi presa em 1972 em Vila Velha (ES), mas não por participação em ação armada. Conforme explicitado no mandado de prisão que consta no livro Em nome dos pais (Intrínseca, 2017), ela foi presa por “prática de atividades subversivas ligadas à organização Partido Comunista do Brasil”. Segundo reportagem de O Globo, Miriam estava indo à praia com o então companheiro Marcelo Amorim Neto quando foi presa. Suas atividades no PC do B consistiam em reuniões, distribuição de panfletos e pichações de muros com palavras de ordem contra a ditadura. A jornalista afirma que nunca participou de qualquer ação armada. Em 2014, Miriam relatou ao Observatório da Imprensa as torturas que sofreu no quartel do Exército de Vilha Velha, onde foi presa. A jornalista sofreu agressões físicas, foi obrigada a ficar nua na frente de soldados e agentes da repressão e chegou a ficar trancada em uma sala escura com uma jibóia. O tenente-coronel reformado Paulo Malhães, citado por Miriam em seu relato, confessou a técnica de tortura com cobra em entrevista a O Globo.
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