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| - “Esta semana o INE publicou os dados sobre a população portuguesa. Um deles foi este: a emigração, incluindo emigrantes temporários e permanentes, aumentou, o que sucede pela primeira vez desde 2014. O número de emigrantes permanentes, desde 2016 até 2018, superou a fasquia dos 100 mil (101.626). São notícias que já não interessam, não é?”
O autor desta mensagem, publicada a 15 de junho na rede social Facebook, dá pelo nome de Miguel Morgado, atual deputado à Assembleia da República, putativo candidato à liderança do PSD e fundador do Movimento 5.7 (cujo principal objetivo consiste em “federar as direitas” em Portugal).
É verdade que o número de emigrantes temporários e permanentes aumentou pela primeira vez desde 2014? Verificação de factos, a pedido de vários leitores do Polígrafo.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) a que Miguel Morgado se refere estão plasmados no relatório de “Estimativas de População Residente em Portugal – 2018“, divulgado no dia 14 de junho.
“Em 31 de dezembro de 2018, a população residente em Portugal foi estimada em 10.276.617 pessoas, menos 14.410 que em 2017. Este resultado traduziu-se numa taxa de crescimento efetivo negativa de 0,14%. A tendência de decréscimo populacional mantém-se, ainda que atenuada nos dois últimos anos. A desaceleração do decréscimo populacional em 2018 resultou da melhoria do saldo migratório (de 4.886 pessoas em 2017 para 11.570 pessoas em 2018), já que o saldo natural negativo se agravou (de -23.432 em 2017 para -25.980 em 2018)”, destaca-se no resumo do relatório.
“O envelhecimento demográfico em Portugal continua a acentuar-se: quando comparada com 2017, a população com menos de 15 anos diminuiu para 1.407 566 (menos 16.330 pessoas) e a população com idade igual ou superior a 65 anos aumentou para 2.244.225 pessoas (mais 30.951), representando, respetivamente, 13,7% e 21,8% da população total. A população mais idosa (idade igual ou superior a 85 anos) aumentou para 310.274 pessoas (mais 12.736). Em 2018, uma em cada duas pessoas residentes em Portugal tinha acima de 45,2 anos, o que representa um acréscimo de 4,4 anos em relação a 2008″, acrescenta-se.
“No futuro, mantêm-se as tendências de redução da população e de envelhecimento demográfico. Portugal poderá perder população até 2080, passando dos atuais 10,3 milhões para 7,9 milhões de residentes, ficando abaixo dos 10 milhões em 2033. A população jovem poderá ficar abaixo do limiar de 1,4 milhões já em 2019 (1 393 513) e do limiar de 1 milhão em 2074 (995.647). O número de idosos passará de 2,2 em 2018 para 2,8 milhões em 2080″, conclui-se.
Ora, para chegar aos números indicados por Miguel Morgado é necessário consultar os dados em bruto, compilados no “Quadro 1: População e indicadores demográficos, Portugal 2008-2018” (pode aceder aqui à versão em Excel).
Nessa tabela confirma-se, de facto, que “a emigração, incluindo emigrantes temporários e permanentes, aumentou, o que sucede pela primeira vez desde 2014“. E também se confirma que “o número de emigrantes permanentes, desde 2016 até 2018, superou a fasquia dos 100 mil (101.626)”.
Em suma, a informação veiculada por Miguel Morgado é verdadeira. Não obstante, o mesmo relatório indica que “o saldo migratório voltou a ser positivo em 2018, em resultado do aumento da imigração permanente (de 36.639 em 2017 para 43.170 em 2018), já que a emigração permanente diminuiu ligeiramente (passando de 31.753 em 2017 para 31.600 em 2018). O número de emigrantes temporários (50 154) continuou a ser superior ao de emigrantes permanentes (31.600), tendo aumentado 1,7% relativamente a 2017 (quando foi de 49.298)”.
Avaliação do Polígrafo:
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