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  • No vídeo em causa, o político austríaco propõe-se demonstrar no Parlamento a suposta falibilidade dos testes serológicos de Covid-19. Com esse objetivo, molha um cotonete num copo de Coca-Cola e deposita o líquido no equipamento. “Posso dizer, senhor Presidente, que temos um problema, pois há um positivo para o novo coronavírus no Parlamento. Esta bebida deu positivo. Não sei o que farão com isto”, declarou, acusando o Governo austríaco de estar a desperdiçar dinheiro dos contribuintes nos testes. Mas será este um método eficaz para determinar a fiabilidade dos testes para a Covid-19? De acordo com uma circular de 27 de maio da Direção-Geral da Saúde (DGS), os testes de diagnóstico do novo coronavírus que estão atualmente disponíveis dividem-se em duas categorias relativamente aos componentes biológicos detetados: “1. Componentes do vírus: a) Os testes de biologia molecular (RT-PCR) que detetam o RNA do vírus; b) Os testes de antigénio que detetam proteínas, tais como proteínas da superfície do vírus; 2. Anticorpos anti-SARS-CoV-2: a) Os testes serológicos que detetam anticorpos (IgA, IgM e/ou IgG) produzidos pelo organismo como resposta à infeção pelo SARS-CoV-2.” Os testes moleculares e de antigénio são realizados com amostras do trato respiratório superior e/ou inferior. Já os testes serológicos utilizam soro, sangue total ou plasma. O teste que está a ser utilizado no vídeo é um teste serológico, que pesquisa anticorpos contra o vírus e indica se houve exposição ao SARS-CoV-2. De acordo com a plataforma de verificação de factos espanhola “Verifica RTVE“, Schnedlitz fez o teste de uma forma incorreta, ao verter as gotas da bebida diretamente no equipamento. Luis Menéndez, investigador do Centro de Biologia Molecular Severo Ochoa do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) espanhol, esclarece que “quando a amostra é recolhida com um cotonete nasal, o que fazemos é colocá-la numa solução salina de pH neutro. Seria absurdo realizar o teste em pH ácido (como é o caso da Coca-Cola)”. Para se poder interpretar o teste como positivo é necessário que “o anticorpo leve algum tipo de molécula que sofra uma alteração de cor como consequência da reação”, esclarece Menéndez. O investigador considera “muito provável que o baixo pH da Coca-Cola produza essa mudança sem que o anticorpo reconheça a molécula em questão”, sendo essa a possível razão para o falso positivo. Ainda assim, o especialista diz não se poder descartar que seja “algum componente da bebida o responsável pelo efeito”. Miguel Castanho, investigador do Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, aponta no mesmo sentido: “O resultado do uso de coca-cola no teste não pode ser classificado como falso positivo. É simplesmente uma má aplicação do teste. O mau uso do teste invalida conclusões sobre o resultado”. “Os testes sorológicos foram desenvolvidos especificamente para amostras sanguíneas. O pH do sangue humano é muito estritamente controlado e varia extremamente pouco de pessoa para pessoa. Situa-se em torno de 7,35-7,45, isto é, praticamente neutro”, destaca. Num documento técnico da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA indica-se que o líquido de diluição da microamostra de sangue num teste típico tem um pH controlado de 7,4. “Ora a Coca-cola tem um pH de 2,5, um pH equivalente ao do estômago, muito ácido e muito diferente do pH do sangue”, sublinha. Também Germano de Sousa, antigo bastonário da Ordem dos Médicos e fundador do Centro de Medicina Laboratorial Germano de Sousa, explicou ao Polígrafo que os teste de antigénio rápido requerem um passo intermédio, que o deputado não realizou. “No vídeo, o deputado faz um truque: não realiza um passo essencial à boa execução do teste, que é o de mergulhar da zaragatoa embebida em Coca-Cola, no tubinho plástico de extração com solução tampão. Muito menos se viu qualquer solução tampão”, disse o investigador. A forma de controlar o nível de pH das amostras passa por colocá-la numa solução tampão – uma mistura aquosa que é capaz de resistir a mudanças de pH – que vem incluída nos kits dos testes, assim como o frasco e a zaragatoa. Para verificar se a passagem pela solução tampão faz diferença no resultado dos testes, Germano de Sousa realizou uma experiência com 16 dispositivos de teste de antigénio rápido de dois diferentes fabricantes (oito de cada fabricante). Em metade dos testes colocou a amostra de Coca-Cola diretamente no teste, como fez o deputado austríaco, e nos restantes passou a amostra pela solução tampão. O resultado mostrou que quando é seguido o procedimento correto, os testes dão negativo. Sem a solução tampão, o resultado é um falso-positivo. “Concluindo: o deputado alemão, não passa de um pequeno mágico de feira que, mediante um truque, tenta levar ao engano o Parlamento por razões que não conheço ou que são facilmente imagináveis dado o posicionamento político do mesmo”, afirma o investigador. Em declarações à estação de televisão alemã Welt, um gerente da empresa Dialab, fabricante dos testes, sublinhou que “qualquer teste de gravidez teria sido positivo” nestas condições. “Antes que o senhor deputado faça declarações tão embaraçosas em público, pode fazer sentido estudar química com antecedência”, concluiu. A empresa gravou aliás um vídeo repetindo a experiência feita pelo deputado, utilizando a tal solução indispensável que mantém o pH constante. O resultado foi negativo. __________________________________________ Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:19
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