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| - A 29 de dezembro de 2021, e já próximos de um conflito militar com a vizinha Rússia, foi noticiado que o Exército da Ucrânia estaria a expandir o recrutamento, chamando mulheres ucranianas entre os 18 e os 60 anos de idade. A atualização tinha sido feita no Regulamento do Exército a 17 de setembro do mesmo ano e apelava a que as mulheres nessa faixa etária que estivessem “aptas para o serviço militar” se registassem nas Forças Armadas ucranianas.
Ainda assim, “apenas aquelas com idades entre os 20 e os 40 anos é que podem ser mobilizadas para servir como soldados regulares, com exceção para algumas mulheres que tenham filhos que ainda sejam crianças e estudantes a tempo inteiro. Entre os homens, a idade para exercer esta função é entre os 20 e 50 anos“.
“Não se trata de alistar após atingir uma certa idade, como acontece com os homens. Trata-se de juntar ao Exército em tempo de guerra. E considerando que existem mais de 122 mil soldados russos junto às nossas fronteiras, a decisão parece lógica, oportuna e sensata”, esclareceu na altura a deputada ucraniana Oleksandra Ustinova.
De acordo com o “Kyiv Post”, “nem todos receberam esta decisão de braços abertos, com a regulamentação a ser criticada por exigir que mulheres grávidas ou com filhos pequenos (salvo algumas exceções) se registem no Exército, assim como a elevada idade máxima, 60 anos, que irá obrigar comissários do Exército a verificar se cada individuo está apto para entrar nas Forças Armadas”.
Foi também assim que o grupo ativista e feminista Femen recebeu a notícia, tendo lançado um comunicado a 27 de janeiro de 2022, sob o pressuposto “Tirem as mãos das mulheres“.
O coletivo exigia, assim, “que o presidente Zelensky rescinda imediatamente a ordem de recrutamento obrigatório para mulheres e sua mobilização forçada em caso de guerra“. Mulheres e crianças podem participar em conflitos militares “de forma puramente voluntária“, defende o Femen, mas o Governo “não tem o direito moral de obrigar as mulheres a participar nas guerras”.
“As mulheres ainda não têm os mesmos direitos que os homens e, por isso, não lhes devem ser impostas as mesmas obrigações. Nenhuma de nós, mulheres, começou guerras. Nenhuma de nós, mulheres, deve morrer”, lê-se ainda no comunicado, acompanhado de algumas fotografias relativas à manifestação do coletivo.
Ainda assim, os registos fotográficos divulgados na publicação em nada têm que ver com esta reivindicação. O grupo de 50 mulheres do coletivo Femen que se manifestou em Paris, no Champs-de-Mars, com as cores da Ucrânia e com as palavras de ordem “Stop Putin’s war, slava Ukraini“, no último domingo, 6 de março, exigia a independência, a integridade territorial e a aceleração do processo de integração da Ucrânia na União Europeia.
O comunicado de grupo feminista revela isso mesmo:
“O Femen tem-se mobilizado desde o início do movimento na Ucrânia contra o regime ditatorial e criminoso de Putin, contra as suas terríveis e assassinas decisões políticas e contra a guerra que ele agora trava, até contra o seu próprio povo na Rússia.”
Para as feministas, Vladimir Putin está a “varrer” a Ucrânia do mapa, e a única solução será mesmo integrar a Ucrânia na União Europeia, para que esta possa beneficiar, “entre outras coisas, da cláusula de defesa mútua, assinada em 2007 pelos países membros da União Europeia no âmbito do Tratado de Lisboa”.
“A União Europeia deve reconhecer oficialmente a Ucrânia como um Estado que partilha os nossos valores democráticos. O único crime do ucraniano de hoje é lutar pela sua liberdade, pelo seu desejo de ser livre e soberano no seu país. Devemos reagir com firmeza à violência absoluta infligida por um ditador com ambições imperialistas e cujas marcas são o confronto e a repressão”.
Desta forma, o Femen “apela às autoridades francesas e à União Europeia para que apoiem a oposição na Ucrânia, pela liberdade e pela democracia, e que se unam contra o governo de Putin numa resistência pró-democrática”.
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Avaliação do Polígrafo:
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