schema:text
| - “A Medicina Tradicional Chinesa descobriu um ponto do nosso corpo que quando é estimulado promove um bem-estar geral. Este ponto, chamado de Feng Fu, é um ponto de pressão que se situa atrás da cabeça, na base do crânio, na parte superior do pescoço. Este método faz com que o corpo volte ao seu equilíbrio fisiológico natural – fornecendo um forte impulso de vida e rejuvenescendo todo o corpo”, garante-se no texto da publicação em causa.
Seguidamente listam-se alguns dos supostos benefícios deste método, tais como: “Diminuição de dores de cabeça”; “diminuição de dores de dentes e de articulações”; “melhoras no sistema digestivo”; “melhoras do seu sono e humor”; “alívio de ataques de asma”; ou “estabilização de distúrbios provocados pela tiróide”, entre outros exemplos.
Estas alegações têm validade científica?
Questionado pelo Polígrafo, João Júlio Cerqueira, médico especialista de Medicina Geral e Familiar e criador da página “Scimed“, explica que “o Ponto Feng Fu é um ponto de acupunctura” e que “toda a filosofia da acupuntura não tem qualquer base racional, plausibilidade biológica ou qualquer demonstração que seja verdadeira”.
“É muito improvável que a colocação de gelo no ponto Feng Fu leve a qualquer tipo de benefício terapêutico relevante em comparação com a colocação de gelo em qualquer outra parte do corpo (que será nulo na maioria das situações)”, afirma.
Cerqueira remete para um artigo científico, intitulado como “Exatidão e precisão na localização do ponto de acupunctura: Uma revisão sistemática”, no qual se salienta que foi reportada “uma variação considerável na localização dos pontos de acupunctura entre acupuncturistas médicos qualificados. (…) O grau de variação na localização de pontos entre os profissionais é suficiente para levantar preocupações sobre a segurança e eficácia do tratamento”.
De acordo com o médico, “tal é a irracionalidade da filosofia da acupunctura que nem sequer os acupuncturistas se entendem relativamente ao posicionamento dos pontos e onde colocar as agulhas“.
“Outro problema que se levanta”, sublinha, “é a facilidade com que os ‘terapeutas alternativos’ invertem o ónus da prova. Avançam uma série de ‘benefícios terapêuticos’ e escusam-se a provar a veracidade do que dizem, agarrando-se apenas às bases filosóficas da sua prática sem qualquer sustentação científica“.
“Uma ‘red flag’ deste tipo de promoção de benefícios terapêuticos é a grande quantidade de problemas de saúde que consegue tratar. Quando uma terapia afirma conseguir tratar ou melhorar os sintomas de vários problemas de saúde, então habitualmente de pouco ou nada serve. Parece ser do que se trata, neste caso, já que não existem quaisquer estudos de qualidade a validar o ponto Feng Fu como sendo um ponto terapêutico específico”, conclui.
_________________________
Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
|