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| - “Na década de 70, estiveram representados nas finais da Taça dos Campeões Europeus clubes de dez países. Quatro décadas depois, entre 2010 e 2019, chegaram à final da Liga dos Campeões clubes de apenas quatro ligas: espanhola, inglesa, italiana e alemã”, afirma-se numa publicação do Instituto Mais Liberdade, liderado por Carlos Guimarães Pinto.
No post lê-se ainda que “estes países marcaram sempre presença nas finais da principal prova de futebol europeia em cada uma das últimas cinco décadas”.
Além do texto, é partilhado um gráfico com o título: “Futebol Europeu é cada vez mais dominado por um conjunto restrito de clubes e países”. No gráfico é possível observar que o número de países representados nas finais da antiga Taça dos Campeões Europeus, atualmente denominada de Liga dos Campeões, tem vindo a decrescer. Na década de 1970 foram dez países, na década seguinte foram sete, nos anos 1990 foram oito, na década de 2000 foram seis, e entre 2010 e 2019 foram apenas quatro.
Confirmam-se estes números?
O Polígrafo consultou os dados presentes na página “História”, disponível na secção da Liga dos Campeões, no site oficial da UEFA. Começando pela década mais antiga representada, entre 1970 e 1979, foram dez os países representados na final da principal prova de clubes da Europa: Espanha, Inglaterra, Itália, Alemanha, Países Baixos, França, Bélgica, Grécia, Suécia e Escócia.
Ao longo da década de 1970, o Atlético de Madrid representou Espanha; Liverpool (duas vezes), Leeds United e Nottingham Forest representaram Inglaterra; Inter de Milão e Juventus representaram Itália; Bayern de Munique (três vezes) e Borussia Mönchengladbach representaram a Alemanha; Feyenoord e Ajax (três vezes) representaram os Países Baixos; Saint-Étienne representou a França; Club Brugge representou a Bélgica; Panathinaikos representou a Grécia; Malmö representou a Suécia e o Celtic representou a Escócia. Os títulos não foram tão distribuídos. Os Países Baixos venceram em todas as participações (três do Ajax e um do Feyenoord), a Alemanha venceu três vezes (todas pelo Bayern de Munique) e Inglaterra venceu outras três (duas pelo Liverpool e uma pelo Nottingham Forest).
Na década seguinte, sete países estiveram na final, de acordo com o post. Além de Espanha, Inglaterra, Itália, Alemanha e Países Baixos que repetiram presenças, as equipas de Roménia e Portugal também estiveram em finais. Em termos de clubes, participaram os ingleses Nottingham Forest, Liverpool (três vezes) e Aston Villa; os italianos Juventus (duas vezes), Roma e AC Milan; os alemães Hamburgo e Bayern de Munique (ambos por duas vezes); os espanhóis Real Madrid e Barcelona; os romenos Steaua Bucareste (duas vezes) os portugueses FC Porto e SL Benfica; e os holandeses PSV Eindhoven.
De todos os países representados, a Taça dos Campeões Europeus só não foi para Espanha. Nottingham Forest, Liverpool por duas vezes, Aston Villa (Inglaterra), Juventus, AC Milan (Itália), Hamburgo (Alemanha), Steaua Bucareste (Roménia), PSV Eindhoven (Países Baixos) e FC Porto (Portugal) venceram a prova.
Na década de 1990, foram oito os países representados na final. Itália foi representada quatro vezes pelo AC Milan, três pela Juventus e uma pela Sampdoria. Espanha esteve presente com as participações do Barcelona (duas vezes) e do Real Madrid. O Marselha representou França por duas vezes. Também por duas vezes esteve presente o Ajax (Países Baixos). Borussia Dortmund e Bayern de Munique representaram a Alemanha. O Manchester United marcou presença por Inglaterra, o SL Benfica esteve por Portugal e o Estrela Vermelha foi à final quando pertencia à antiga Jugoslávia.
Manchester United e Estrela Vermelha venceram nas únicas representações de Inglaterra e Jugoslávia, AC Milan por duas vezes e Juventus foram os clubes italianos que conquistaram a prova, Barcelona e Real Madrid ganharam por Espanha, Ajax e Borussia Dortmund ganharam pelos Países Baixos e Alemanha, respetivamente.
Na primeira década do século XXI, o número de países que tiveram equipas na final da Champions voltou a descer e foram anos que trouxeram uma novidade: finais entre equipas do mesmo país. Real Madrid, Barcelona e Valência (duas vezes cada) foram as equipas espanholas que chegaram ao jogo decisivo; Liverpool e Manchester United (duas vezes cada), Arsenal e Chelsea representaram Inglaterra; por Itália estiveram AC Milan (três vezes) e Juventus; Bayern de Munique e Bayer Leverkusen chegaram à final pela Alemanha; e, em 2004, FC Porto e Mónaco tiveram a única representação de Portugal e França.
Real Madrid e Barcelona (Espanha) venceram por duas vezes cada um, Liverpool e Manchester United ganharam por Inglaterra, AC Milan (Itália) conquistou duas vezes a prova, Bayern de Munique (Alemanha) e FC Porto (Portugal) ganharam por uma vez.
Na última década em análise, o número de países caiu para apenas quatro: Espanha (Barcelona por duas vezes, Real Madrid quatro vezes e Atlético de Madrid duas vezes), Inglaterra (Manchester United, Chelsea, Tottenham e Liverpool duas vezes), Alemanha (Bayern de Munique três vezes e Borussia de Dortmund) e Itália (Juventus duas vezes e Inter de Milão). Conquistaram títulos o Real Madrid (quatro vezes), Barcelona (duas vezes), Bayern de Munique e Inter de Milão.
Conclui-se que a publicação do Instituto Mais Liberdade está correta. Há ainda um outro dado relativamente ao maior domínio das principais ligas da Europa. Desde 1992/1993, ano em que a prova passou a chamar-se Liga dos Campeões e o formato foi alterado para permitir a presença de mais equipas das melhores ligas, apenas FC Porto, de Portugal, e Ajax, dos Países Baixos, estiveram em finais e venceram o título da principal prova da UEFA, fora das cinco principais ligas europeias (Espanha, Alemanha, França, Itália e Inglaterra).
A final da edição 2019/2020 da Liga dos Campeões, que não entrou nas contas da publicação, foi disputada pelo Bayern de Munique, da Alemanha, e pelo Paris Saint-Germain, de França. Na presente temporada, as meias-finais são compostas por duas equipas inglesas (Chelsea e Manchester City), uma francesa (Paris Saint-Germain) e uma espanhola (Real Madrid).
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
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