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| - “Para que se perceba o que levou o PL [Partido Liberal, de Jair Bolsonaro] a pedir a impugnação das eleições no Brasil… Exemplo: cada telemóvel tem o IMEI (código único de identificação), as urnas também. Nas urnas anteriores a 2020 este código se repete em várias linhas, coisa que não deveria acontecer”, destaca-se numa publicação no Facebook, de 23 de novembro, indicada ao Polígrafo com pedido de verificação de factos.
É apresentado mais um exemplo para provar a alegada fraude nas eleições presidenciais do Brasil: “Imaginem 250 mil carros com a mesma matrícula. Se a polícia multar essa matrícula, para aonde vai a multa? Agora troca o polícia pelo voto do eleitor. Para aonde vai o voto?”
No dia 22 de novembro, o Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, intentou uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a invalidação de 59,18% dos votos do segundo turno das eleições presidenciais. O principal argumento avançado pelo PL é que uma auditoria contratada identificou supostas “inconsistências” em arquivos gerados pelas urnas eletrónicas fabricadas antes de 2020.
Especialistas consultados pela “BBC Brasil” apontaram falhas no relatório apresentado pelo partido para pedir a invalidação dos votos. Segundo os mesmos, o relatório parte de premissas técnicas equivocadas sobre a segurança das urnas e não apresenta nenhum indício de fraude que pudesse ter beneficiado o presidente eleito, Lula da Silva.
Por outro lado, a plataforma de verificação de factos do “Estadão” concluiu que a ausência do número de série não impossibilita a identificação de urnas, ao contrário do que defendem os bolsonaristas. Especialistas no processo eleitoral brasileiro contactados pelo jornal esclareceram que “as urnas de modelos anteriores ao de 2020 receberam um número de série único, e não uma identificação individual, como as urnas do modelo novo”.
No artigo explica-se que há outras informações no log (registo eletrónico) de cada urna que permitem identificá-la e assinalar a sua zona, secção do eleitorado e local da votação a que pertence. “Os logs de todas as urnas mais antigas usadas nas eleições deste ano anteriores ao modelo de 2020 receberam um número único e inválido: 67305985. O que se esperava é que, durante a operação da urna, esse número fosse lido pelo software e preenchido com um valor correto individual, mas isso não ocorreu nas urnas antigas. O bug fez com que todos os equipamentos desses modelos mantivessem o mesmo número inválido, 67305985″, assinala o “Estadão”.
Tal quer dizer que as urnas em causa perderam um meio de identificação, mas não todas. “Não é o número de série que confere autenticidade à urna, é sim sua assinatura digital, que é perfeitamente detetável pelo TSE se houver alguma modificação já no momento da receção dos dados”, assinala-se com base nas explicações dos especialistas ouvidos.
Marcos Simplício, professor de Engenharia da Computação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, investigador das áreas de cibersegurança e criptografia e vice-coordenador do convênio USP-TSE que analisa a segurança do sistema de votação, identifica o problema com os números de série das urnas mais antigas, mas diz que ele é facilmente solucionado e não chega a comprometer o resultado das eleições.”Desses três conjuntos de dados, um deles está faltando, mas na ausência de uma coisa, eu consigo identificar pelas outras”, garante.
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Avaliação do Polígrafo:
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