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| - É uma aparente contradição entre Pedro Nuno Santos no Governo, no atual cargo de ministro das Infraestruturas e da Habitação, e Pedro Nuno Santos na oposição, quando era deputado à Assembleia da República (durante o Governo liderado por Pedro Passos Coelho, baseado numa coligação entre o PSD e o CDS-PP). Dois excertos de declarações proferidas pelo visado nessas duas situações distintas são como que sobrepostos no vídeo que está a circular no Facebook.
“Não é uma questão de chantagem, é o que é. A empresa [TAP] precisa desesperadamente de uma redução de efetivos, de uma redução drástica de custos porque teve uma travagem brusca na sua atividade”, diz no primeiro excerto.
“A direita ganhou quando nos explicou que o trabalho para toda a vida acabou“, afirma no segundo.
As duas declarações são autênticas? E inseridas no devido contexto têm o mesmo sentido que aparentam ter no vídeo em causa?
O primeiro excerto foi recolhido a partir de uma entrevista à SIC do ministro das Infraestruturas e da Habitação, a 23 de abril de 2021. Questionado sobre o plano de reestruturação da TAP, Pedro Nuno Santos declarou que “neste momento há um conjunto de perto de 500 trabalhadores que estão identificados para um processo de despedimento coletivo, mas obviamente que ainda há tempo para poderem optar pelas medidas voluntárias que já tinham sido apresentadas antes”.
“Não é uma questão de chantagem, é o que é. A empresa precisa desesperadamente de uma redução de efetivos, de uma redução drástica de custos porque teve uma travagem brusca na sua atividade e o objetivo do Governo é salvar a empresa”, justificou.
Ou seja, não há qualquer manipulação ou descontextualização do excerto difundido no vídeo.
Quanto ao excerto mais antigo, é preciso recuar até setembro de 2011 para identificar a origem de tal declaração. Foi recolhida a partir de um discurso proferido por Pedro Nuno Santos no âmbito do XVII Congresso Nacional do PS.
O então deputado à Assembleia da República pelo PS, remetido à oposição ao Governo liderado por Pedro Passos Coelho, afirmou que “a direita ganhou quando nos convenceu que para criar mais emprego é necessário flexibilizar o mercado de trabalho. A direita ganhou quando nos explicou que o trabalho para toda a vida acabou. A direita ganhou quando conseguiu dizer à minha geração, habituem-se, isto até é bom, hoje trabalham num emprego, amanhã noutro, hoje numa terra amanhã noutra, como se a estabilidade do emprego não fosse um direito legítimo de qualquer cidadão, como se nós não soubéssemos que para qualquer jovem construir uma vida a médio ou longo prazo precisa de estabilidade. Não é um privilégio, é um direito“.
“A direita ganhou quando conseguiu dizer à minha geração, habituem-se, isto até é bom, hoje trabalham num emprego, amanhã noutro, hoje numa terra amanhã noutra, como se a estabilidade do emprego não fosse um direito legítimo de qualquer cidadão, como se nós não soubéssemos que para qualquer jovem construir uma vida a médio ou longo prazo precisa de estabilidade. Não é um privilégio, é um direito”, defendeu Pedro Nuno Santos, em setembro de 2011.
Também neste segundo excerto, apesar da distância temporal, confirma-se que não há qualquer manipulação ou descontextualização. Ou seja, o sentido original das declarações não é adulterado.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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