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| - “Não tinha que me pronunciar e não tinha conhecimento”. As palavras são de Marcelo Rebelo de Sousa e foram pronunciadas na última sexta-feira (24) à tarde, depois de um encontro com refugiados ucranianos em Lisboa. Em causa está a intenção (ou decisão já tomada sem conhecimento dos restantes deputados) do Governo de trazer a Portugal Lula da Silva, para um discurso na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República (AR).
O anúncio foi feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, no Brasil, e a reação dos deputados surgiu em direto, durante o plenário de quinta-feira (23) na Assembleia da República, com as bancadas parlamentares do Chega e do Iniciativa Liberal a tecerem duras críticas à apropriação do Governo. André Ventura disse, inclusive, que deveria ter sido Marcelo Rebelo de Sousa, e não Gomes Cravinho, a fazer o anúncio.
Sobre esta questão, o chefe de Estado português preferiu não comentar: “A questão é da relação entre os vários poderes do Estado, o pior que podia haver era o Presidente da República imiscuir-se na definição, pela própria AR, da ordem de trabalho das sessões. A AR é que tem sempre a última palavra.”
Apesar do alegado desconhecimento total, no Twitter destaca-se que não é preciso recuar muito no tempo para ouvir Marcelo Rebelo de Sousa anunciar a visita do Presidente do Brasil a Portugal. E mais: a seu convite.
“Foi marcado já o que vai ser o encontro em Portugal, de 22 a 25 de Abril, com a cimeira entre o Presidente Lula e o primeiro-ministro português e a visita de Estado, a meu convite, que culmina na participação na cerimónia do 25 de Abril“, disse a 30 de dezembro de 2022 o Presidente da República portuguesa, dia em marcou presença em Brasília para a tomada de posse do novo chefe de Estado brasileiro.
À data, nada tinha sido ainda avançado sobre o discurso de Lula da Silva no 25 de Abril, mas a sua presença era já certa nas comemorações. “O pior que poderia haver era agora o Presidente da República imiscuir-se numa questão que é de definição pela própria AR”, disse Marcelo Rebelo de Sousa dois meses depois de ter convidado o Presidente brasileiro a estar presente nas cerimónias do Dia da Liberdade, em Portugal.
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