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| - “Comuna não deixa de votar. Se você ficar em casa, eles ganham sempre“, comenta-se numa das partilhas do tweet em forma de imagem que está a circular em várias redes sociais. O tweet é da autoria de Bibo Nunes, deputado federal do Brasil, e foi publicado hoje, dia 21 de dezembro.
A segunda volta da eleição presidencial do Chile foi disputada no domingo, dia 19 de dezembro, resultando na vitória de Gabriel Boric, candidato de esquerda progressista, que obteve quase 56% dos votos expressos. Com apenas 35 anos de idade, Boric torna-se assim o mais jovem presidente da história do Chile. Derrotou José Antonio Kast, conservador católico e de extrema-direita, que não foi além de cerca de 44% dos votos.
No entanto, segundo Bibo Nunes, “a abstenção na eleição chilena foi de 53%. Evidente que a esquerda venceria, porque esquerdista não deixa de votar. Não caia nesta de voto nulo e não votar, porque só a esquerda, contra tudo e a favor de nada, ganha. Bolsonaro pelo progresso do Brasil!”
Importa realçar que está agendada para o próximo ano uma nova eleição presidencial no Brasil, com o atual presidente Jair Bolsonaro a enfrentar o ex-presidente Lula da Silva, entre outros pré-candidatos.
Mas no que respeita à eleição presidencial do Chile, é verdade que mais de metade dos eleitores não votaram?
Não. De acordo com os resultados oficiais do Serviço Eleitoral do Chile (pode consultar aqui), quando já foram apurados 99,99% dos votos, a taxa de participação é de 55,65%. Num total de 15.030.974 eleitores registados contabilizam-se 8.364.534 votos expressos, colocando a taxa de abstenção em 44,35%.
Ou seja, mais de metade dos eleitores chilenos votaram na segunda volta da eleição presidencial, ao contrário do que alega (erradamente) o referido deputado federal do Brasil.
Aliás, a taxa de participação em 2021 é bastante superior às registadas nas duas anteriores eleições presidenciais do Chile, a saber: 41,88% em 2013 e 49,02% em 2017. Nesses casos, de facto, mais de metade dos eleitores chilenos não votaram.
O tweet em causa está portanto a difundir uma clara falsidade.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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