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| - Uma fotografia de uma doente deitada no chão da urgência do Hospital de Faro está a ser partilhada massivamente nas redes sociais. Nas milhares de partilhas, a imagem, que poderia ilustrar facilmente um cartaz de protesto contra a degradação dos serviços públicos de saúde, vem quase sempre acompanhada de comentários destrutivos sobre o hospital, sobre a sua administração e, já agora, sobre o Governo e o país que temos.
A primeira página a divulgá-la foi a “Ordem dos Cidadãos”, espaço em que habitualmente são expostos casos de alegados abusos aos direitos individuais. Diz o texto que acompanha a imagem: “Esta Sra. desde hoje de manhã que está “internada” no Hospital de Faro, conforme ordens do médico! Como não há camas nem macas, vê-se esta vergonha de ter que estar no CHÃO à espera!!! Tirei esta foto com expressa autorização da doente às 16h53 de hoje. Amo muito o meu País, mas nestas alturas sinto vergonha de ser Portuguesa!!!”
Este foi o pontapé de saída para uma onda imparável de publicações de carácter populista, com muito mais afirmações do que interrogações, a principal das quais seria, em condições normais: “Será que a imagem corresponde à realidade dos factos?
O Polígrafo, que foi alertado por várias dezenas de leitores para o fenómeno, confirmou que a imagem é real. De facto, a senhora em causa, uma cidadã brasileira chamada Janaine Assunta, fez-se fotografar naquelas circunstâncias enquanto aguardava por uma decisão clínica relativamente ao seu caso. Mas isso leva-nos a uma segunda questão: porque é que Janaine, que acabou mesmo por ficar internada no hospital, se encontra naquela situação? Terá sido por insuficiência de meios do Hospital de Faro? Por indicação de um qualquer profissional de saúde? Tudo indica que não.
Em declarações ao Polígrafo, a presidente do Conselho de Administração do Hospital de Faro, Ana Paula Gonçalves, afirmou: “A doente tomou essa decisão de forma unilateral; não havia falta de macas ou de cadeiras para ela descansar, se o entendesse. Mais: alguém imagina que um qualquer profissional de saúde tenha dado uma instrução naquele sentido? Não estamos no terceiro mundo.”
A gestora lamenta a irresponsabilidade da doente, por um lado, e a de quem partilha acriticamente uma imagem com este teor: “Trata-se de algo que, de forma leviana, pode colocar em causa a credibilidade de profissionais que dedicam as suas vidas aos doentes e isso é naturalmente condenável”, afirma.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam naquela rede social.
Na escala de avaliação do Facebook este conteúdo é:
Misto: as alegações do conteúdo são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou incompleta.
Na escala de avaliação do Polígrafo este conteúdo é:
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