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| - A imagem do vídeo aparenta ser retirada de um canal de notícias: na parte inferior surge a referência “Breaking News” (“Última hora”, em português). O Presidente norte-americano surge no púlpito, com a bandeira dos EUA atrás, parecendo tratar-se de um discurso oficial. O tema percebe-se logo nos primeiros segundos: a comunidade transgénero.
“Nunca será uma mulher verdadeira. Não tem útero, não tem ovários, não tem óvulos. É um homem homossexual alterado por medicamentos e cirurgias numa cruel piada da perfeição da natureza”, ouve-se no vídeo.
Com o avançar do suposto discurso, as afirmações vão-se tornando mais agressivas, havendo até referência ao suicídio. É que os pais de pessoas trans se sentem “enojados e envergonhados”, que os amigos “riem-se da aparência idiota”, que os homens “sentem repulsa” e que as mulheres trans “não são naturais”.
Terá Joe Biden realmente dito isto?
Este conteúdo que tem sido partilhado em várias plataformas é um deepfake – vídeo manipulado que mostra uma determinada personalidade a prestar declarações que, na verdade, nunca disse. De acordo com a plataforma de fact-checking PolitiFact, o vídeo terá tido origem numa conta de Twitter que partilha conteúdos pró-Donald Trump e que está atualmente suspensa.
Esta informação é também avançada por dois sites conservadores – o PJMedia e o Not The Bee – que também partilharam o vídeo como sendo “deepfake”. “Ok, isto pode ser um vídeo ‘deepfake’ do Presidente, mas é uma das melhores respostas para o movimento trans que vi na vida”, escreve um dos colaboradores do Not The Bee.
Não existe qualquer evidência que Joe Biden seja o autor destas declarações. Nas transcrições das intervenções do Presidente norte-americano, disponibilizadas pela Casa Branca, não há qualquer discurso que vá ao encontro do que é partilhado neste vídeo. Pelo contrário, são várias as declarações em que Joe Biden manifestou apoio à comunidade LBGTQIA+, em particular às pessoas transgénero.
Joe Biden tem, inclusivamente, discursado no dia Internacional da Memória Transgénero – que se assinala, desde 1999, a 20 de novembro para lembrar as pessoas mortas devido a violência anti-transgénero –, manifestando apoio e elogiando a comunidade trans.
Em 2021, o presidente elogiava a coragem das pessoas trans: “As pessoas transgénero são dos norte-americanos mais corajosos que conheço. Mas nenhuma pessoa deve ter de ser corajosa para simplesmente viver em segurança e com dignidade. Hoje, nós lembramos. Amanhã – e todos os dias – temos de continuar a agir.”
No ano seguinte, em 2022, afirmou que a sua Administração se mantém “completamente empenhada em reforçar os direitos dos norte-americanos LGBTQI+, incluídos os norte-americanos transgénero”.
“Desde que assumimos o cargo, temos possibilitado que os militares transgénero servissem mais uma vez abertamente e com orgulho nas nossas forças armadas, melhorámos a experiência de viagem para americanos transgénero e fornecemos recursos para apoiar a saúde mental das crianças transgénero e das suas famílias”, disse, na altura, o Presidente.
Das palavras às leis
A posição de apoio de Biden às pessoas LBTQIA+ e, em particular, à comunidade transgénero não se fez apenas de discursos. Durante o seu mandato, Biden aprovou legislação no sentido de proteger as pessoas trans.
A 25 de janeiro de 2021, o Presidente reverteu uma lei aprovada por Donald Trump que bania as pessoas transgénero da carreira militar. Em junho de 2022, Biden assinou uma outra ordem executiva que tem como objetivo proteger os jovens LGBTQIA+ de “terapias de conversão” e eliminar as barreiras de acesso a cuidados de saúde por parte de pessoas da comunidade e suas famílias.
Meses antes, Biden tinha ainda proclamado o dia 31 de março de 2022 como o Dia da Visibilidade Transgénero. No decreto, o Presidente deixou uma mensagem especial para a comunidade trans: “A todos os norte-americanos transgénero de todas as ideias, eu quero que saibam que vocês são muito corajosos. Vocês pertencem aqui. Nós protegemo-vos”, disse.
Mesmo antes de ter assumido oficialmente o cargo de Presidente, Joe Biden já se manifestava apoiante da comunidade trans. Segundo o PolitiFact, Biden escolheu Rachel Levine para o cargo de secretária-assistente da Saúde, que se tornou a primeira pessoa transgénero a ter um cargo administrativo no Departamento norte-americano de Saúde e Serviços Humanos.
Em conclusão, é falso que Joe Biden tenha afirmado que uma mulher trans “nunca será uma mulher verdadeira”, como se ouve no vídeo. O conteúdo é um “deepfake” que terá sido partilhado por uma conta de Twitter pró-Trump (atualmente suspensa). Pelo contrário, Joe Biden tem vindo a manifestar apoio às pessoas LGBTQIA+, em particular à comunidade trans.
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Avaliação do Polígrafo:
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