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| - A imagem impressiona, até, os menos sensíveis: um bebé na maternidade, acabado de nascer e, em cima, duas frases, curtas, porém com uma acutilância de fazer parar a respiração: “Este é um bebé nascido em fiz de gravidez. Agora, em Nova Iorque, podes matá-lo”. O meme circula, por exemplo, no Facebook, mas não é o único.
Outro, ladeia três imagens: a primeira mostra uma vala comum com centenas de cadáveres amontados, datada de 1945, e localizada na Alemanha, naturalmente, um retrato do holocausto; a segunda mostra centenas de crânios, é localizada nos anos setenta, no Camboja, e foi o resultado do genocídio que aconteceu no país asiático no final da década de 70; por fim, a imagem da direita não mostra cadáveres, mas políticos, que assinam a alteração à lei do aborto, no estado de Nova Iorque. É sugerido, por isso, que aquilo que vai acontecer com a mudança legislativa será um infanticídio sem freio.
(…) um bebé na maternidade, acabado de nascer e, em cima, duas frases, curtas, porém com uma acutilância de fazer parar a respiração: “Este é um bebé nascido em fiz de gravidez. Agora, em Nova Iorque, podes matá-lo”.
A questão que se coloca é “porquê”? Porque a lei, alterada a 22 de janeiro, passou a permitir que sejam feitos abortos após as 24 semanas de gestação. Esta descriminalização levou os mais conservadores, sobretudo movimentos pró-vida, movimentos religiosos e apoiantes do partido Republicano a contestar a medida, alegando que seria uma carta branca ao assassinato de crianças.
Entendida por uma perspetiva simplista, a medida é cruel, pois parece significar que os abortos se pode fazer arbitrariamente, mesmo depois dos seis meses de gravidez. Porém, nem tudo é aquilo que parece. De acordo com o site de verificação de notícias “Newtral”, é preciso ler a lei para que se aniquile todo o tipo de desinformação em relação a este tema. O que diz o documento, na verdade, é que o aborto é permitido caso “a paciente esteja dentro das 24 semanas de gestação, caso se verifique falta de viabilidade do feto ou caso a interrupção seja necessária para proteger a vida ou a saúde da paciente”. De forma a garantir que a intervenção acontece dentro dos parâmetros legais, é exigida “uma avaliação profissional razoável e de boa fé, baseada no caso concreto da paciente”.
Esta descriminalização levou os mais conservadores, sobretudo movimentos pró-vida, movimentos religiosos e apoiantes do partido Republicano a contestar a medida, alegando que seria uma carta branca ao assassinato de crianças.
Ora, o que a lei veio trazer de novo foi apenas a descriminalização do aborto, caso o feto não seja viável ou caso a saúde da mãe seja afetada. No passado, antes das 24 semanas o aborto já era permitido, assim como o era caso a vida da mãe estivesse em risco.
É certo que a alteração ao texto legal foi pouco significativa, contudo mudou a vida de muitas mulheres do estado de Nova Iorque. Isto porque existem centenas de relatos de grávidas que, perante, por exemplo, malformações no feto ou riscos para a saúde própria, eram obrigadas a deslocar-se a outros estados para interromper a gravidez. O processo foi muitas vezes caracterizado como de violência extrema, não só ao nível financeiro, mas também psicológico.
Até janeiro, a lei nunca tinha sido alterada, uma vez que os republicados se encontravam em maioria no senado nova-iorquino. Conseguida, a mudança foi encarada como uma forma de blindar e aperfeiçoar a garantia dos direitos da mulher, com base no famoso caso “Roe versus Wade” que, em 1973, através de uma decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, passou a reconhecer o direito ao aborto no país da América do Norte.
Avaliação do Polígrafo:
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