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| - “Este gene [das vacinas de mRNA] força o corpo do seu filho a produzir proteínas spike tóxicas. Essas proteínas frequentemente causam danos permanentes em órgãos vitais das crianças. Esses órgãos incluem o seu cérebro e sistema nervoso; o seu coração e veias sanguíneas, incluindo coágulos de sangue; o seu sistema reprodutivo. E o mais importante: esta vacina pode provocar mudanças fundamentais no seu sistema imunitário”, alega-se no vídeo.
De acordo com a plataforma de fact-checking “Aos Fatos”, o vídeo que tem estado a circular nas redes sociais foi gravado originalmente no dia 12 de dezembro durante o “Global Covid Summit”. Este evento é organizado por uma autodenominada “associação de médicos que reconhecem o iminente perigo à humanidade trazido pelas políticas da Covid-19”.
O que são as vacinas mRNA?
Como já foi verificado pelo Polígrafo, as vacinas de mRNA atuam de forma a preparar o organismo para se defender da Covid-19. A molécula mRNA tem “instruções” para produzir a proteína spike, da qual o coronavírus necessita para entrar nas células do organismo. Quando a vacina é administrada a uma pessoa, algumas das suas células vão ler as “instruções” do mRNA e produzir temporariamente a proteína spike. O sistema imunitário da pessoa irá então reconhecê-la como estranha e produzir anticorpos. Vai ainda ativar as células T (glóbulos brancos) para atacá-la.
Se, mais tarde, a pessoa entrar em contato com o coronavírus SARS-CoV-2, o seu sistema imunitário irá reconhecê-lo e estará́ pronto para defender o organismo. O mRNA da vacina não permanece no organismo, sendo decomposto pouco tempo após a vacinação.
David Walt, coautor de um estudo sobre vacinas de Covid-19, disse à Reuters que a sua investigação revelou pequenas concentrações da proteína spike nos primeiros cinco dias após a vacinação, o que mostrou que o corpo estava a produzir a proteína como pretendido. Estas proteínas de spike diminuíram nas semanas seguintes, e nenhuma foi detetada após a segunda dose. Isto porque os indivíduos desenvolveram anticorpos para remover o antigénio da corrente sanguínea, criando uma resposta imunitária exatamente como a vacina foi concebida para fazer.
Além disso, os especialistas do Laboratório de Saúde Digital Meedan garantiram que “até agora, não há provas científicas disponíveis que sugiram que as proteínas spike criadas no nosso corpo a partir das vacinas Covid-19 são tóxicas ou danificam os nossos órgãos”.
Os efeitos das vacinas são geralmente reversíveis ou não?
Segundo a bula da vacina Pfizer — que contém mRNA — foram detetados casos “muito raros” de miocardite e pericardite, que são inflamações relacionadas ao coração, após a toma da vacina, especialmente entre homens mais jovens, após a segunda dose e em até 14 dias após a injeção. O documento também refere que geralmente são casos leves e que os indivíduos tendem a recuperar rapidamente após o tratamento padrão e repouso. Assim sendo, são efeitos reversíveis, ao contrário do que foi afirmado por Malone no vídeo.
As vacinas não foram testadas “de maneira adequada”?
Esta afirmação feita pelo virologista também é falsa. Mesmo que tenham sido desenvolvidas num curto espaço de tempo, as vacinas cumpriram todas as etapas de avaliação exigidas para que pudessem ser aplicadas em humanos. De facto, foi a primeira vez que o desenvolvimento de uma vacina ocorreu em menos de um ano. Em média, este processo pode levar até uma década.
No entanto, grande parte desse tempo é dedicado à procura de financiamento para a pesquisa clínica, que tem um custo elevado, e no recrutamento de voluntários dispostos a testar o produto, explica a professora do Departamento de Farmacologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ana Paula Herrmann, à “Agência Lupa”.
“Não há benefício” em vacinar os seus filhos “contra os pequenos riscos do vírus”?
Mais uma vez, Malone afirma uma falsidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou num comunicado recente que, ainda que as mortes de menores de 25 anos correspondam a menos de 0,5 por cento dos óbitos pela Covid-19 no mundo, a vacinação desse público é importante para evitar a contaminação de crianças com condições preexistentes e diminuir a transmissão do vírus dentro das famílias.
O Centers for Disease Control and Prevention (CDC), órgão do Governo dos EUA, também recomenda a vacinação de crianças maiores de cinco anos. Segundo a instituição, a imunização desta faixa etária ajuda a proteger a família, previne casos graves e pode permitir o regresso seguro às atividades presenciais coletivas.
Robert W. Malone é o criador da tecnologia mRNA?
Logo no início do vídeo, Robert W. Malone identifica-se como o “criador da tecnologia de vacina de mRNA”. No entanto, apesar de Malone ter tido uma importante contribuição no início do desenvolvimento da tecnologia de mRNA, não é o seu único criador. De acordo com a revista “Nature”, o virologista realizou experiências, onde misturou fios de mRNA com gotículas de gordura, criando uma espécie de “ensopado molecular” que possibilitou a tecnologia usada na criação das vacinas contra a Covid-19 produzidas pela Pfizer e pela Moderna.
Entretanto, foram necessários anos de testes e aperfeiçoamentos, realizados por inúmeros cientistas, até que a tecnologia se tornasse viável para utilização. “As vacinas de RNA de hoje têm inovações que foram inventadas anos depois do período de Malone no laboratório, incluindo RNA quimicamente modificado e diferentes tipos de bolhas de gordura para transportá-lo”, aponta a “Nature”.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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