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| - “O Bruegel, um centro de investigação e estudos económicos, estima que, ao preço atual, os volumes de gás natural que a Europa importa da Rússia valham 660 milhões de euros só na quinta-feira, 3 de março. Equivalente a 27,5 milhões de euros por hora, ou 458 mil euros por minuto, ou 7.638 euros por segundo“, lê-se no post de 7 de março, divulgado num grupo do Facebook.
Para começarmos esta análise devemos ter em conta a data em que foi feita a publicação, já que, segundo o centro de estudos económicos Bruegel, sediado em Bruxelas, Bélgica, estes valores dizem respeito apenas ao dia 3 de março deste ano, o que significa que não se trata do preço de venda atual ou sequer de algo que se tenha mantido no tempo, já que o valor das importações de gás sofre constantes flutuações.
Ora, a estimativa foi calculada e partilhada no Twitter por Simone Tagliapietra, investigador do Bruegel, e mostra o expressivo aumento do preço da importação de gás russo para a Europa desde 1 de janeiro de 2022. Nesse dia, o custo diário cifrava-se nos 190 milhões de euros, ou seja, 131 mil euros por minuto, o equivalente a 2 mil euros por segundo.
Ao longo do mês de fevereiro e já no início do mês de março, contudo, este valor foi aumentando substancialmente até perfazer os 660 milhões de euros diários a 3 de abril deste ano. Esse valor resulta num custo de 458 mil euros por minuto e de 7,6 mil euros por segundo.
De acordo com o mesmo investigador, este números devem ser analisados tendo em conta que “os contratos de gás natural [que a Europa estabelece com a Rússia] são em grande parte baseados nos preços médios do mês anterior“. Assim, “embora a Gazprom não esteja a faturar mais 200 milhões de euros da noite para o dia, este será o novo nível a partir de abril, caso os preços permaneçam nos níveis atuais [de março]”.
Apesar disto, o preço do gás natural parece estar a recuar na Europa e, de acordo com os números da Dutch TTF Gas (referência para as empresas europeias de energia) fixou-se nos 124 euros por MWh, um valor bastante inferior ao registado quer a 3 de março (199 euros por MWh) quer nos dias seguintes, em que novos recordes foram batidos (345 euros por MWh a 7 de março).
Recorde-se que, em 2019, “quase três quartos das importações de gás natural da União Europeia vieram da Rússia (41%), Noruega (16%), Argélia (8%) e Qatar (5%), enquanto que mais de três quartos de combustível sólido (principalmente carvão) provenientes da Rússia (47%), Estados Unidos da América (18%) e Austrália (14%)”.
Em Portugal, a taxa de dependência de petróleo bruto, gás natural e combustíveis sólidos rondou, em 2019, os 74%, sendo que no ano de 2000 era superior a 85%. Como já foi referido, a União Europeia depende principalmente da Rússia para as importações dos três tipos de energia, sendo a Noruega o segundo principal fornecedor de petróleo bruto e gás natural.
Em 2020, e segundo esta infografia do Eurostat, o gás natural importado por Portugal tinha origem maioritária na Nigéria, seguida pelos Estados Unidos e só depois pela Rússia. O cenário é parecido para países como a Alemanha, a França e a Itália, onde a Rússia estava pelo menos nas três primeiras posições de fornecedores de gás natural em 2020.
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Avaliação do Polígrafo:
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