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| - “António Costa nomeou para coordenar o governo um secretário de Estado Adjunto que é irmão de uma das ministras mais importantes, também ela ministra Adjunta. Dois coordenadores políticos do governo são, assim, irmãos. Era desnecessário e é sinal de que continuam as teias familiares”, escreveu esta quarta-feira, 30 de novembro, o líder do Chega André Ventura, na sua página pessoal de Twitter.
A par da crítica ao Governo de Costa, o vídeo do momento em que Ventura presta declarações à RTP sobre o mesmo assunto: “Chamo à atenção que o novo secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro é irmão da ministra Adjunta, o que significa que o vamos ter a coordenar o Governo, porque o secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro é um homem forte do Primeiro-Ministro, a coordenar várias pessoas entre elas a sua irmã.”
Quem é António Mendonça Mendes?
O recém-nomeado secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro saiu da equipa das Finanças, onde era, desde 2017, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Depois da saída de Miguel Alves, porém, Mendonça Mendes viu as portas do gabinete de António Costa abertas e tornou-se uma peça essencial neste Executivo.
Nascido em Coimbra, em 1976, António Mendonça Mendes é licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra e começou na política como assessor do Secretário de Estado da Justiça do Governo de Portugal, entre 1999 e 2002. Diz a sua biografia que foi advogado na Gonçalves Pereira, Rato, Ling, Vong & Cunha, na Região Administrativa Especial de Macau durante os dois anos seguintes e que em 2005 voltaria ao Governo para ser Chefe do Gabinete da secretária de Estado dos Transportes do Governo de Portugal, onde ficou até 2008.
Depois disso voltou à advocacia e, depois, para o Governo novamente. Foi Chefe do Gabinete da ministra da Saúde entre 2009 e 2011 e, entre outras carreiras (como a de diretor da REFER), desempenhou a função de secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Fiscais do XXI, XXII e XXIII Governos Constitucionais, de 2017 a dezembro de 2022.
Apesar do currículo avultado, é a sua ligação familiar a Ana Catarina Mendes que tem saltado à vista. A irmã, três anos mais velha, é também licenciada em Direito, mas pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, e foi presidente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista na XIV Legislatura e 1ª vice-presidente na XIII Legislatura. Além disso, foi eleita deputada à Assembleia da República nas VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII e XIV Legislaturas. Entre 2015 e 2019 assumiu as funções de secretária-geral adjunta do PS.
Costa faz vista grossa à garantia dada em 2019
Era 2019 e Costa estava a compor o seu segundo Governo. A regra era simples, mas nunca foi inscrita na lei: evitar polémicas e familygates, deixando de lado a nomeação de familiares dentro do seu Executivo. Terá sido, inclusive, por esse motivo que Ana Paula Vitorino, casada com Eduardo Cabrita, ficou de fora do Governo.
A notícia, à data avançada pelo jornal “Observador“, revelava uma “linha vermelha”, definida pelo próprio primeiro-ministro, depois de uma série de polémicas, que garantia assim que não haveria relações familiares entre membros do Governo. Assim, a “lista de nomes para entregar a Marcelo Rebelo de Sousa” estaria vazia de ” laços de família, numa tentativa de pôr fim à controvérsia que surgiu na última legislatura”.
A onda de saídas não atingiu os irmãos Ana Catarina e António Mendonça Mendes. À data, o gabinete do primeiro-ministro argumentou que as nomeações eram “perfeitamente compatíveis com as regras e limites legais em matéria de nomeação de familiares” e que Mendonça Mendes reportava ao ministro das Finanças e não ao primeiro-ministro, ao contrário da irmã.
O tempo e as circunstâncias acabaram por trocar as voltas a Costa, que tem agora dois irmãos junto a si, sentados nas reuniões do Conselho de Ministros.
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Avaliação do Polígrafo:
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